O presidente da Fieac e deputado federal José Adriano (Progressistas/AC) foi o entrevistado do Bar do Vaz nesta terça-feira (23). Ele bem que tentou, mas não conseguiu disfarçar o incômodo da abordagem sobre a vulnerabilidade da indústria cafeeira acreana, assunto escancarado no ac24agro pelo presidente da Coopercafé, Jonas Lima, na última sexta-feira (19). Na ocasião, Lima usou o verbo com o tom real. “O Governo não fez nada para proteger a indústria do Acre”.
José Adriano, presidente da Fieac, foi muito mais comedido. Mas, essencialmente, acompanhou o colega do Juruá. “Eu não conheço nenhum estado que não faça esse tipo de proteção”, disse, referindo-se à sugestão do apresentador Roberto Vaz que tratou da execução efetiva de políticas protecionistas que já existem, como a Lei de Compras Governamentais.
Com mandato federal, Adriano tem sido uma voz ativa dentro da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ele sabe que todos os Estados usam de mecanismos legais, cada um ao seu modo e com diferentes intensidades, para proteger os parques industriais locais.
Ele lembrou que o Governo do Acre até chegou a criar um mecanismo de consulta à Fieac antes de realizar compras oficiais: caso o produto fosse produzido aqui, o Governo do Acre manteria a compra das indústrias locais. “Esse decreto foi suspenso. Isso é vontade de não querer entrar em conflitos de interesses”.
Adriano resolveu, então, não estratificar o debate. Tratou de ampliar o problema. “A angústia do café é igual à da castanha, que também tem uma situação muito preocupante”, esquivou-se. De fato, a castanha é uma das cadeias produtivas mais sensíveis. Além de ser extremamente vulnerável ao fator clima, sofre da concorrência com as indústrias bolivianas e (mais recentemente) também peruanas na compra da amêndoa.
A fala de Adriano no Bar do Vaz acabou expondo, naturalmente, alguns gargalos estruturantes da política industrial. É um tema sempre delicado porque envolve decisões de ordem política local para atender a determinados segmentos sem desrespeitar as decisões do Comsefaz (Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal). É uma equação quase sempre difícil.
Adriano surpreendeu ao expor outro problema na relação entre estímulo à produção e gargalos industriais. “Também foi feito o mesmo estímulo à produção no caso do maracujá ali em Capixaba. Eu reclamei, mais de uma vez, que os produtores lá de Capixaba estão com a produção comprometida”, relatou.
A presidente da Cooperativa Agroextrativista Santa Fé (Coafe), Nilva da Cunha de Lima, confirma a situação. “Ainda não foi resolvida a situação”, assegura. “Nossa esperança é que no início do ano a gente possa comprar [dos produtores] para levar para a indústria beneficiar”. A “indústria” a qual ela se refere é a Cooperacre que inicia operação de beneficiamento de polpa de frutas.
A Secretaria de Estado de Educação informa que “sobre a compra de maracujá, a aquisição de 2025 já foi realizada… com o encerramento do ano letivo. Em 2026, a gente faz novas aquisições conforme a necessidade do calendário e da demanda das escolas, seguindo o contrato assinado”.
