“Questão ambiental é o principal problema da pecuária acreana”

No dia em que o Brasil é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde Animal como Área Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação, presidente da Faeac avalia gargalo regional

Itaan Arruda
Assuero Veronez: entraves ambientais ameaçam continuidade da pecuária acreana

O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Acre, Assuero Veronez, foi provocado a falar sobre qual seria o principal gargalo da pecuária regional. “Sem medo de errar, é a questão ambiental”, sentenciou, ainda comemorando a nova classificação sanitária da Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA), que diplomou o Brasil como Área Livre de Aftosa Sem Vacinação.

O mais alto status sanitário reconhecido pela OMSA, que o Acre já desfrutava desde o ano passado, não consegue camuflar os problemas estruturantes da pecuária acreana. O representante da Federação da Agricultura e Pecuária enumera todos os pontos.

“Reserva Legal de 80%, o rigor das fiscalizações, os embargos, multas, desinstruções, rastreabilidade (ainda por vir) estão tornando a pecuária uma atividade marginal, com milhares de produtores sendo inviabilizados”, avalia. “Esse é o cenário que se vislumbra”.

Os embargos, associados à rastreabilidade, atingem a maioria dos pequenos pecuaristas, que possuem até 100 cabeças de gado na propriedade. No Acre, esse perfil de pecuarista abarca 74% dos produtores.

O cenário não é muito diferente entre os produtores de gado que possuem até 500 cabeças na propriedade. Com esse perfil, 95% dos 23 mil produtores de carne acreanos estão incluídos. Apenas 5% dos pecuaristas, algo em torno de 1,1 mil produtores, têm terras com documentação regular e sem problema de embargo.

Por esses números, Veronez sustenta o argumento de que a atividade pecuária está sendo levada para a marginalidade. “Essa situação vai provocar muitos conflitos e desestímulo ao investimento na atividade”, afirma o representante da Faeac. “A insegurança jurídica vai colocar muita gente na vala comum da ilegalidade”.

Mesmo reconhecendo que o dia em que o Brasil entra para o seleto grupo de países Livres de Aftosa Sem Vacinação é um “dia histórico”, Veronez alerta para esse gargalo da mais consolidada cadeia produtiva da economia acreana.

A preocupação se fundamenta em números: 1,1 mil produtores não têm condições de sustentar o abastecimento do mercado interno acreano e ainda suprir a demanda dos quatro frigoríficos sifados que, ainda este ano, operam em conjunto para fortalecer o comércio do Brasil com as demandas das exportações.

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