Inpa desenvolve tecnologia que vê geoglifos mesmo com florestas em pé

Instituto constatou que no Sudoeste da Amazônia há 24 mil geoglifos e não 11 mil como registrado. Desafio do Estado Brasileiro é mapear e informar o produtor agrícola

Itaan Arruda
Pesquisadores do Inpa constataram, com uso de tecnologia óptica à base de laser, que o número de geoglifos no Sudoeste da Amazônia alcança 24 mil e não 11 mil como registrado. (Foto: Diego Gurgel)

No agro24cast deste domingo, o pesquisador do Inpa Evandro Ferreira reforçou o que o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia já fez há aproximadamente três anos: aplicou o uso de uma tecnologia óptica com sensores à laser chamada lidar [lê-se “láidar”].

“Acoplado a um drone ou a bordo de um veículo aéreo, o equipamento emite milhares de pulsos laser por segundo e, a cada pulso, calcula uma medida de distância”, informa a revista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo em divulgação do trabalho dos pesquisadores.

Eles identificaram o dobro do número de geoglifos já referenciados na região do Acre e sudoeste da Amazônia como um todo. Há em torno de 11 mil. Com o sobrevoo que foi feito pelo Inpa chegou-se à constatação de que são 24 mil.

“Se a pessoa quer produzir, respeitando o Zoneamento Ecológico Econômico, tem uma área de floresta que ela pode derrubar… mas se o produtor não quiser ter uma surpresa, ele pode apelar para essa tecnologia”, diz o pesquisador do Inpa no Acre. O problema são os custos. São inviáveis para o produtor.

Da região do Purus, em Sena Madureira, passando pela Vale do Rio Acre (Rio Branco, em direção do Sul do Amazonas, chegando a Lábrea), toda essa região foi sobrevoada pelos pesquisadores. É justamente á área mais antropomorfizada, onde há maior planície propícia para o cultivo de lavouras de soja, milho e pecuária. É justamente nessa região onde o “lidar” [lê-se “láidar”] mais registrou ocorrências de geoglifos, segundo o que foi dito pelo pesquisador Evandro Ferreira.

Há relação entre castanheiras e Geoglifos?

Os pesquisadores do Inpa também perceberam que a ocorrência de geoglifos se apresenta do Purus para esta região do Vale do Acre. Não há registros do Vale do Tarauacá Envira seguindo a Oeste, semelhante ao que ocorre com as castanheiras.

“Nós fizemos um sobrevoo até Carauari, no Amazonas… de toda aquela região leste do Purus, apenas um arremedo (sic) de geoglifo foi encontrado na cercania desta cidade. Então, é, praticamente, um vazio em termos de posições de geoglifos. Isso significa dizer o quê? Que nossos ancestrais colonizaram essa região até o Purus. Eles não atravessaram. Por isso, talvez, nós não tenhamos castanheiras e geoglifos”, sugeriu o pesquisador. 

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