Sazonalidade da pitaya desafia produtores e trava vendas no Acre

Fruta exótica tem produção concentrada entre outubro e abril no Acre, e agricultores recorrem à venda de polpa congelada para driblar a entressafra e manter a renda.

Luiz Eduardo Souza
Sazonalidade da pitaya afeta produção de agricultores familiares no Acre

A pitaya, fruta de aparência exótica e sabor marcante, tem ganhado espaço nas lavouras do Acre, especialmente entre agricultores familiares que veem na cultura uma alternativa promissora para diversificação e geração de renda. No entanto, apesar do crescimento do cultivo, os produtores ainda enfrentam um obstáculo importante: a sazonalidade da produção, que impacta diretamente a comercialização e o acesso ao mercado.

A floração da pitaya no estado ocorre entre os meses de outubro e abril, com picos entre dezembro e fevereiro. Após esse período, os pés entram em repouso e deixam de produzir frutos, o que cria um intervalo de cerca de seis meses sem colheita.

“A safra da pitaia acabou no meio de abril. Agora nós não temos nada de frutos nos pés”, explica a produtora Ivanira, responsável pela Pitaya Brilhante, empreendimento familiar que cultiva a fruta no interior do Acre. “Temos somente o plantio, os pés. Vai voltar a produzir frutos só no meio de setembro”, completa.

Essa interrupção no fornecimento impõe uma série de desafios para os agricultores. A impossibilidade de manter uma produção constante compromete a fidelização de clientes e a consolidação de mercados. Supermercados, redes de abastecimento e até mesmo feiras exigem regularidade no fornecimento — algo que os produtores ainda não conseguem garantir sem o uso de tecnologias específicas e custosas.

Para driblar o problema e manter o negócio ativo durante o período de entressafra, Ivanira encontrou uma alternativa: “A gente tem a polpa congelada, saco de 2 kg. É o que a gente conserva. Durante esse tempo parado de seis meses, a gente vende a polpa.”

A venda de polpa congelada tem sido uma saída para alguns produtores, mas nem todos têm estrutura de refrigeração e armazenamento para adotar essa estratégia. Além disso, transformar a fruta in natura em polpa requer cuidados extras e investimento em equipamentos, embalagem e logística.

Outro caminho possível, já adotado em outros estados e países, é o uso de iluminação artificial com tecnologia LED para simular o fotoperíodo necessário à floração e frutificação da pitaya fora da época natural. No entanto, esse tipo de manejo ainda é inacessível para a maioria dos pequenos agricultores do Acre devido ao custo de implantação.

Enquanto alternativas mais acessíveis não chegam, produtores como Ivanira seguem apostando na resiliência e na criatividade para manter viva a cultura da pitaya no estado. Mesmo com produção concentrada em poucos meses do ano, a fruta continua despertando interesse de consumidores e valorizando o esforço de quem planta e colhe com as próprias mãos.

Compartilhar esta notícia
Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *