Produtor de laranja tem receio de ser prejudicado com importação do Peru

Itaan Arruda

A importação de laranjas do Peru, que está sendo articulada para atender a parte do segmento supermercadista da Capital, tem preocupado o produtor Gilmar Tales da Silva, 38 anos, com propriedade de 35 hectares na BR-317 Km 66, no Ramal Campo Esperança. “Eu não tenho condições de abastecer os mercados todos do Acre, mas eles poderiam comprar de lá, mas valorizar os daqui também, não era?”, pergunta, referindo-se não apenas aos empresários, mas aos governos.

O produtor entende que essa aproximação com o Peru “não tem jeito”. A fala do agricultor tem o sentido de que é algo inevitável. Mas não inviabiliza a produção local, desde que seja valorizada aqui mesmo.

É a típica situação em que programas como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) pode ser a salvação do produtor. Uma maneira de o agricultor de base familiar não ficar vulnerável exclusivamente às ações do mercado privado.

A rede privada estabelece relação comercial com quem lhe for mais atrativo. O segmento supermercadista é exemplo disto. Compra produtos da agricultura familiar, mas precisa ter garantia da qualidade e regularidade em escala que não comprometa o abastecimento.

“Loro” planta 3 mil pés na propriedade que tem a 12 quilômetros da BR-317 em um ramal que há dois anos não recebe beneficiamento

Bom ano_ Gilmar da Silva, mais conhecido como “Loro”, se prepara para a colheita. Este ano, ele classifica como um “bom ano”. A colheita está marcada para acontecer na segunda quinzena de maio, quando emprega temporariamente seis pessoas. “Esse ano vai ser possível pegar umas seis mil sacas”, calcula “Loro”.

Além da laranja, há uma área dedicada ao limão. Já foi mais produtiva. Mas hoje, Gilmar da Silva prioriza a plantação de laranjas.

Aliado aos números da propriedade de “Loro”, o pai dele também planta laranja em uma área de 80 hectares na Vila Campinas. Em parte dela, estão 3 mil pés de laranja.

Produtor de citrus do Bujari não teme integração

O produtor Antônio Villela não tem receio da integração com o Peru. Possui uma bem cuidada propriedade de 20 hectares, no Ramal Abib Cury. Laranja mesmo ele só tem 300 pés. O restante é todo de Limão Taiti. Em 2024, produziu 180 toneladas de frutas. Esse ano, calcula que deve aumentar para 240 toneladas. “Com uma produção dessas, eu não consigo atender nem metade da demanda do Acre”, afirma Villela.

“O importante é acertar a variedade do porta-enxerto”, ensina, com uma modéstia própria do agricultor. “Eu penso expandir a produção e minha maior dúvida é em relação à mão de obra”. Villela mantém 10 pessoas na propriedade, praticamente em tempo integral, para poder garantir manutenção adequada do lugar.

Ele não tem dúvidas em relação ao maior gargalo para o setor produtivo do Acre atualmente. “Os ramais são o maior problema para expandir a nossa produção”, aponta Villela.

“Essa questão com o Peru tem algumas coisas que são fundamentais serem resolvidas: a questão sanitária e a questão alfandegária. Essas frutas perecíveis têm que ter um desembaraço mais ágil. Porque senão o frete acaba inviabilizando”.

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