Em 1994, quando o produtor Antônio Guedes, diante de dificuldades para receber pelo leite fornecido à antiga Cila (Companhia Industrial de Laticínios do Acre), decidiu tomar as rédeas da própria produção. Foi assim que nasceu o Laticínios Buriti, o primeiro laticínio privado do Acre.
“Meu avô tirava leite das vacas que ele mesmo criava e, quando surgiram os problemas com a Cila, ele resolveu abrir o próprio negócio”, conta Marcelo Oliveira Lopes, neto de Antônio Guedes e atual gestor da empresa.
O negócio, que começou com apenas 500 litros de leite por dia, cresceu com o tempo. As dificuldades eram muitas, mas se manteve firme com o propósito de priorizar o trabalho com pequenos produtores. Hoje, o Laticínios Buriti compra leite de 114 produtores, a maioria da agricultura familiar, garantindo renda mensal e valorizando a produção local.
“É uma empresa familiar, e já tem seis anos que eu estou à frente da gestão. Nosso foco sempre foi manter esse elo com os pequenos produtores, que são a base do nosso trabalho”, diz Marcelo.
Apesar da trajetória sólida, o caminho não é isento de desafios. Marcelo destaca gargalos que ainda dificultam a expansão da empresa: estradas precárias, falta de assistência técnica e energia de qualidade. “Nossa capacidade industrial é de 30 mil litros por dia, mas só conseguimos processar cerca de 7 mil. Temos uma estrutura pronta para crescer, mas dependemos de infraestrutura e políticas de apoio para isso acontecer”, explica.
Atualmente, o Laticínios Buriti atende exclusivamente a capital Rio Branco. Com um portfólio de 12 produtos — que vai desde o leite pasteurizado até queijos, iogurtes e bebidas lácteas — a empresa mostra que é possível fazer produtos de qualidade, com identidade local e respeito à cadeia produtiva.
“É muito gratificante saber que, mesmo depois de tantos anos, o trabalho do meu avô continua vivo, se adaptando, inovando e fazendo parte da vida dos acreanos”, conclui Marcelo.