O Brasil deverá ultrapassar os Estados Unidos e assumir, em 2027, o título de maior produtor de carne bovina do mundo. A projeção foi apresentada nesta sexta-feira, 14 de março, no programa Giro do Boi, pelo líder de pecuária e analista de commodities da Datagro, João Otávio de Assis Figueiredo. Assista ao vídeo abaixo e confira a entrevista completa.
Segundo levantamento econométrico feito pela Datagro, o Brasil já lidera o ranking mundial como maior exportador de carne bovina há alguns anos, mas agora, até 2027, deve ultrapassar também os Estados Unidos em produção total de carne bovina.
“O Brasil já abate mais animais que os norte-americanos, cerca de 39 milhões de cabeças por ano. Agora, estamos próximos de superá-los também no volume total de carne produzida, conquistando a posição de maior produtor global em dois anos”, explicou o especialista.
De acordo com João Otávio, essa projeção considera a escassez global crescente de gado bovino, em especial na América do Norte, onde os Estados Unidos enfrentam a pior crise dos últimos sete anos, com o menor rebanho desde então.
Escassez global impulsiona Brasil
A crise na produção mundial, com redução acentuada dos rebanhos bovinos especialmente nos Estados Unidos, México e Canadá, abre uma grande oportunidade para o Brasil.
Dados da Datagro revelam que os estoques globais devem atingir o menor patamar da história recente, cerca de 607 milhões de cabeças ao fim de 2025, uma redução significativa desde o pico histórico registrado nos anos 1980.
João Otávio reforçou que o Brasil está pronto para aproveitar essa oportunidade porque tem espaço para crescer com eficiência, produtividade e tecnologia.
“O Brasil tem rebanho suficiente e ainda muito espaço para aumentar a produtividade e eficiência na pecuária, especialmente nas categorias de cria, recria e engorda. Estamos preparados para atender essa demanda global crescente”, destacou.
Qualidade e eficiência a favor do Brasil
Para alcançar essa posição de destaque, o Brasil conta com vantagens competitivas importantes como disponibilidade de pasto, terras e tecnologias de reprodução como a inseminação artificial em tempo fixo (IATF).
Atualmente, apenas 20% das vacas brasileiras estão incluídas em programas de inseminação artificial, percentual ainda baixo comparado às grandes potências pecuárias globais.
João Otávio ressaltou ainda que o mercado consumidor internacional já reconhece a qualidade da carne brasileira.
“China e Estados Unidos são grandes consumidores da nossa carne. Com a expansão da qualidade e a redução da idade de abate, especialmente após a exigência chinesa por animais com menos de 30 meses, nosso produto conquistou espaço nos principais mercados globais”, complementou o analista.
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Indicador Datagro traz segurança ao produtor
Outro destaque trazido pelo especialista foi a importância do novo indicador do boi gordo desenvolvido pela Datagro em parceria com a Bolsa de Valores (B3). O indicador, lançado oficialmente em fevereiro deste ano, proporciona maior transparência e segurança às negociações futuras e físicas.
“Esse indicador dá maior credibilidade e previsibilidade para os contratos futuros de boi gordo. Desde que assumimos a operação, a liquidez dos contratos aumentou significativamente, mostrando confiança do mercado”, afirmou João Otávio.
Desafios internos e externos
O analista também pontuou que, apesar do cenário favorável, existem desafios como questões de rastreabilidade, sustentabilidade e fatores externos, como questões geopolíticas e econômicas globais que podem impactar o setor. Contudo, ele reforçou o otimismo em relação ao futuro da pecuária brasileira.
“Mesmo com desafios como rastreabilidade e ajustes internos, o Brasil está muito bem posicionado. A carne brasileira tem tudo para crescer ainda mais nos próximos anos”, completou.