Durante o verão amazônico, período mais seco do ano, as queimadas se tornam comuns no Acre. Apesar de parecerem uma prática tradicional da agricultura, elas trazem sérios prejuízos não só para o meio ambiente, mas também para os próprios produtores. A engenheira agrônoma Mariana Nascimento explica como o uso do fogo empobrece o solo, encarece a produção agrícola e agrava os impactos das mudanças climáticas.
“Quando o fogo passa, ele queima a camada de matéria orgânica do solo, que é fundamental para a plantação crescer bem. Isso deixa a terra mais pobre e faz com que o produtor precise gastar mais com fertilizantes para recuperar o solo”, afirma Mariana.
Além disso, com a vegetação destruída, o solo fica exposto e vulnerável à ação das chuvas. “Sem nenhuma cobertura, a água da chuva impacta diretamente o solo, causando um processo chamado de lexiviação, que leva os nutrientes embora. Isso resulta em erosão e no empobrecimento do solo, deixando ele cada vez mais seco e improdutivo”, completa.
A agrônoma destaca que muitos produtores acreditam, de forma equivocada, que as queimadas beneficiam o plantio. “Essa falsa impressão acontece porque as cinzas liberam alguns minerais, o que pode gerar um efeito imediato. Mas esse efeito é passageiro. A longo prazo, o solo vai ficando cada vez mais pobre, e o produtor precisa gastar mais para manter a produção”, explica.
Além dos danos ao solo e à produtividade, o uso do fogo também tem consequências ambientais e para a saúde da população. “As queimadas matam animais e plantas que ajudam a manter o equilíbrio da natureza. E a fumaça faz mal para a saúde das pessoas e dos animais, causando problemas respiratórios. Eu mesma sofro de rinite e sinusite, e toda vez que começa esse período de fumaça eu adoeço”, relata Mariana.
A engenheira também chama atenção para os impactos climáticos. “O fogo libera gases que contribuem para o aquecimento global. E isso vem agravando as mudanças climáticas que estamos vendo, com o tempo cada vez mais quente e seco”, ressalta.
Diante desse cenário, Mariana reforça a necessidade de buscar alternativas ao uso do fogo. “É possível cuidar da terra de forma mais sustentável, com práticas que preservam o solo e garantem uma produção duradoura. Isso é bom para o meio ambiente, para a saúde das pessoas e, principalmente, para o bolso do produtor”, conclui.