Produtor de Sena Madureira consegue produtividade artesanal incomum

Com dedicação diária e respeito aos animais, produtor rural mantém a suinocultura como principal fonte de renda da família no interior do Acre.

Luiz Eduardo Souza

Na lida do campo, onde o dia começa antes da luz e termina depois do cansaço, a criação de porcos segue como uma das atividades mais tradicionais e desafiadoras da agricultura familiar acreana. É nesse cenário de esforço diário que pequenos produtores mantêm viva uma cadeia essencial para a alimentação e a economia rural.

Ainda antes do sol clarear as estradas de terra do ramal, seu Francisco já está de pé. Criador de porcos há quase 20 anos, ele vive com a esposa e os dois filhos em uma pequena propriedade na zona rural de Sena Madureira, onde a suinocultura é o coração da renda familiar.

Todos os dias começam cedo. Às cinco da manhã, ele está no chiqueiro limpando os currais, trocando a água e separando a ração. “O porco é um bicho que gosta de limpeza. Se deixar sujo, não come direito”, explica. A alimentação é preparada na hora: ração balanceada, mandioca cozida e, quando tem, farelo de milho moído no próprio sítio.

A rotina é puxada: são mais de 40 animais entre matrizes, leitões e reprodutores. Os nascimentos precisam ser acompanhados de perto, principalmente nas primeiras horas de vida. “Às vezes a porca vira e esmaga os filhotes. Tem que estar ali, atento”, conta.

Além do trato com os animais, seu Francisco cuida da vacinação, da limpeza das instalações e da separação dos suínos por idade e peso. Ele também tem um pequeno plantio de milho, que usa como complemento para a ração dos animais — uma forma de reduzir custos e garantir alimento mais natural.

A venda acontece principalmente para açougues de Sena Madureira e feiras em Rio Branco. Em meses bons, ele consegue vender até 1.000 quilos de carne suína, abatida de forma artesanal. “Aqui tudo é na legalidade. A gente segue direitinho as normas sanitárias, com cuidado e respeito pelo animal.”

Apesar das dificuldades — como o alto custo da ração e o acesso limitado a crédito rural —, seu Francisco não pensa em parar. “A criação de porco me ensinou a ter paciência e disciplina. É um trabalho que exige dedicação todo dia, mas que sustenta minha família com dignidade.”

No campo, onde o relógio segue o ritmo da natureza, a vida de um criador de porcos é feita de rotina, esforço e esperança. É no cheiro da lama, no choro dos leitões e no som das enxadas que ele constrói, dia após dia, seu sustento e seu orgulho.

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