A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgaram uma nota conjunta em que analisam o impacto das medidas de salvaguarda do governo chinês em relação à comercialização de carne do Brasil.
As medidas de salvaguarda são formalizadas após período de investigação em que o governo avalia se o mercado interno está sendo prejudicado com uma determinada importação. No caso em questão, o governo chinês entendeu que sim: as importações de carne brasileira feitas pela China estavam prejudicando a cadeia produtiva interna. A partir dessa demonstração, são tomadas as medidas de salvaguarda.
Em síntese, são medidas protecionistas. Essa relação comercial entre Brasil e China foi construída politicamente, com respaldo de organismos multilaterais. A medida deve alimentar intensos debates. O Brasil exporta para a China 48% da carne enviada ao mercado externo.
POSICIONAMENTO ABIEC/CNA • MEDIDAS DE SALVAGUARDA DA CHINA
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entendem que a aplicação das medidas de salvaguarda pela China, no contexto da investigação conduzida sobre as importações de carne bovina, altera as condições de acesso ao seu mercado e impõe uma reorganização dos fluxos de produção e de exportação.
Esses embarques dizem respeito a produtos com valor agregado e perfil distinto do consumo doméstico, associados à geração de emprego e renda no setor. A China permanece como o principal destino da carne bovina brasileira e um importante mercado para o funcionamento da pecuária nacional.
A medida passa a valer a partir de 1º de janeiro de 2026 e estabelece uma quota crescente nos três primeiros anos, iniciando em 1,106 milhão de toneladas no primeiro ano, com tarifa de 12% para os volumes dentro da quota e sobretaxa de 55% para os volumes excedentes, resultando em tarifa total de 67% fora da quota.
Em 2025, as importações chinesas de carne bovina brasileira somaram cerca de 1,7 milhão de toneladas, o equivalente a 48,3% do volume exportado. Nesse cenário, passam a ser necessários ajustes ao longo de toda a cadeia, da produção à exportação, para evitar impactos mais amplos.
As exportações brasileiras para a China são fruto de uma relação comercial construída ao longo de anos, baseada em fornecimento regular, previsibilidade e estrito cumprimento dos requisitos sanitários e técnicos acordados entre os dois países. A carne bovina brasileira, reconhecida por sua qualidade, exerce papel complementar no abastecimento do mercado chinês e contribui para a estabilidade da oferta ao consumidor.
Cabe ressaltar que a cadeia da pecuária bovina tem papel central na economia brasileira, levando renda a milhares de municípios e sustentando cerca de 7 milhões de empregos diretos e indiretos. Aproximadamente 70% da carne bovina produzida no Brasil é destinada ao mercado interno, enquanto cerca de 30% é exportada, evidenciando o caráter complementar das exportações e sua importância para o equilíbrio e o funcionamento da cadeia pecuária nacional.
A ABIEC e a CNA seguirão acompanhando a implementação das medidas, atuando diretamente junto ao Governo Brasileiro e às autoridades chinesas para reduzir os danos que essa sobretaxa causará aos pecuaristas e exportadores brasileiros e para preservar o fluxo comercial historicamente praticado.
