Abate de fêmeas lidera pecuária e marca mudança no ciclo

Dados do IBGE mostram que vacas e novilhas lideraram os abates pela primeira vez desde 1997, sinalizando impacto na oferta futura de animais

Luiz Eduardo Souza

O abate de bovinos fêmeas superou o de machos no Brasil pela primeira vez desde 1997, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado histórico indica uma mudança relevante no ciclo da pecuária nacional e acende um alerta para possíveis reflexos na oferta de animais e nos preços nos próximos anos.

Segundo o IBGE, o avanço do abate de vacas e novilhas reflete uma combinação de fatores, como a necessidade de geração de caixa por parte dos produtores, o aumento dos custos de produção e um cenário de preços menos favorável ao longo do ano. Diante desse contexto, muitos pecuaristas optaram por descartar matrizes, elevando a participação das fêmeas no total de animais enviados aos frigoríficos.

Esse movimento tende a produzir efeitos de médio e longo prazo. Com menos fêmeas mantidas no rebanho, a capacidade de reprodução é reduzida, o que pode resultar em menor oferta de bezerros a partir de 2026. A diminuição da reposição animal pode pressionar os preços e provocar novos ajustes no mercado.

O IBGE também aponta crescimento no abate de novilhas, comportamento associado à demanda por carne mais jovem, especialmente no mercado internacional. Embora esse perfil atenda exigências comerciais, ele contribui para a redução do número de fêmeas destinadas à reprodução.

Especialistas avaliam que os números revelam uma fase de ajuste do ciclo pecuário brasileiro, em que o aumento do abate de fêmeas favorece a oferta de carne no curto prazo, mas reforça a expectativa de um mercado mais restrito e possivelmente mais valorizado nos próximos anos.

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