O 6º Congresso Internacional de Pecuária Leiteira da Amazônia Ocidental (Cipel) começou nesta quinta-feira, 30, reunindo produtores, estudantes, técnicos e pesquisadores no auditório do Sebrae, em Rio Branco. O evento, que segue até o dia 1º de novembro, com um dia de campo no Rancho São Bento, busca fortalecer a cadeia produtiva do leite na região amazônica, promovendo a troca de conhecimento e a adoção de práticas mais sustentáveis e eficientes.
Um dos coordenadores do congresso, o professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Eduardo Mitke, destacou que o principal objetivo do Cipel é capacitar os diferentes elos da cadeia leiteira, mostrando que o avanço do setor depende diretamente do acesso à informação e à tecnologia.
“O objetivo dos nossos congressos é capacitação. Precisamos fazer com que o produtor, o técnico, o pesquisador e o estudante tenham acesso ao conhecimento. É isso que faz a gente evoluir. O que a gente precisa é de conhecimento, porque é a única coisa que ninguém tira da gente”, afirmou Mitke.
Segundo o professor, a realidade da produção leiteira em Rio Branco ainda está em fase de desenvolvimento, mas com potencial para se tornar uma das principais do estado. Ele lembra que, apesar das condições de clima e solo serem favoráveis, a limitação está na falta de manejo adequado e de alimentação dos rebanhos, mais do que na genética dos animais.
“Genética é importante, mas é a cereja do bolo. Antes disso, precisamos ter pastagem adequada, manejo sanitário, vermifugação, vacinação e, principalmente, alimentação correta. Pecuária de leite é comida. Quando o animal se alimenta bem, ele produz bem”, explicou.
Mitke citou exemplos práticos de projetos realizados em parceria com o Sebrae e a Prefeitura de Rio Branco, que resultaram em aumento significativo na produtividade de vacas leiteiras.
“Já vimos vacas que produziam três litros passarem a produzir 12, 15 e até 17 litros de leite por dia, apenas com manejo e alimentação adequados. Isso mostra que o conhecimento técnico transforma a produção”, ressaltou.
Outro ponto destacado pelo professor foi o avanço da integração entre instituições públicas e privadas que atuam no setor agropecuário do Acre. Para ele, a união de esforços tem sido um dos principais ganhos recentes da atividade.
“Pela primeira vez em muitos anos, todas as instituições estão indo no mesmo caminho. Antes havia uma guerra de vaidades, cada um puxava para o seu lado. Hoje, o governo do Estado, a prefeitura e o Sebrae têm trabalhado juntos, e isso fortalece demais a pecuária leiteira”, afirmou.
Mitke destacou ainda que a rentabilidade e a permanência do produtor no campo são metas centrais do trabalho desenvolvido pelos organizadores do evento.
“A nossa principal função é fazer com que o produtor passe a ganhar dinheiro. Quando ele tem renda, ele pode manter a família no campo. A pecuária de leite, se bem trabalhada, é uma das atividades mais rentáveis que existem, mas também é uma das que mais exigem dedicação. Não tem sábado, domingo ou feriado — a vaca precisa ser ordenhada todos os dias”, observou.
O professor reforçou que, mais do que competir com outras regiões, o foco deve estar em mostrar aos produtores acreanos que eles são capazes de alcançar alta produtividade e qualidade, com rentabilidade e sustentabilidade.
“O importante é que o produtor veja que é possível ser eficiente e viver bem com a pecuária de leite. Quando ela é bem manejada, nenhuma outra atividade agropecuária dá mais retorno”, concluiu.
O 6º Cipel segue com palestras, painéis e trocas de experiências até o dia 1º de novembro. O evento é uma realização conjunta de instituições ligadas ao setor produtivo, à pesquisa e ao ensino, com participação de convidados nacionais e internacionais, incluindo representantes do Peru.
