O Acre está organizando espacialmente a industrialização na cadeia produtiva do café. Está em andamento uma clara mudança na organização da cafeicultura regional. E será uma mudança com impacto em toda cadeia de produção.
Com a inauguração da unidade de beneficiamento da Manave, em Cruzeiro do Sul, e mais uma nova unidade que está em processo de implementação pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) no Ramal 2, do Projeto de Assentamento Santa Luzia, o Vale do Juruá, sedimenta a conformação de plantas industriais naquela região.
Esse “movimento” deve acontecer em regiões como o Vale do Purus, tendo Sena Madureira como referência; no Alto Acre, da mesma forma, assim como no Baixo Acre. Em cada uma dessas unidades serão feitas avaliações: se já existe capital instalado em estrutura e maquinário. Caso não exista, uma rede institucional é acionada de maneira a agilizar a implementação.
Até o momento, a instituição que tem conseguido implementar essas ações com rapidez é a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), sob a coordenação da diretora-executiva da agência, Perpétua Almeida.
É preciso compreender esse movimento como um processo de organização da cadeia de produção. A unidade da Manave não pode ser entendida como uma “concorrente” do Complexo Industrial do Café do Juruá.
“Não são concorrentes”, avalia o presidente da Cooperjuruá, Jonas Lima. “Ano que vem, a estimativa é de que o Complexo Industrial do Café do Juruá beneficie entre 50 a 60 mil sacas. E aqui a maior parte do que se beneficia é dos cafés dos cooperados”.
Em cada unidade beneficiadora, há um perfil de atuação. Na Manave, por exemplo, possivelmente, o beneficiamento será de agricultor privado (não cooperado).
Com uma ressalva, em janeiro de 2026, está prevista a entrada da Cooperacre.
Outra importante evidência sobre a organização da cadeia produtiva é a existência de viveiristas. Há três viveiristas com capacidade de oferecer mudas em regiões estratégicas. No Juruá, por exemplo, há planejamento para plantar mais três milhões de pés de café. Atualmente, há cinco milhões de pés plantados.
Privados devem se adequar
Esse “movimento” em torno da organização da cadeia produtiva do café tem sido muito capitaneado pelas cooperativas. Elas têm desenvolvido um trabalho estruturante da organização de todo o ciclo. E isso gerou um movimento de mudança com impacto direto na indústria.
As empresas que já atuam no segmento devem sofrer adequações para se manter no mercado. Esperar o produtor levar o café até a unidade de beneficiamento e, muitas vezes, até ditando o preço é um cenário que será cada vez mais raro. É possível que as empresas precisem verticalizar a produção, produzindo o próprio café.