Especialista do Senar Rondônia destaca potencial do Acre para expansão da cafeicultura

André Cléber afirma que o estado reúne clima, solo e mercado favoráveis para o cultivo, e que o café pode se tornar uma nova força econômica na região Norte

As palestras aconteceram na 2ª edição do Festival da Macaxeira, evento que tem reunido produtores, técnicos e instituições ligadas ao setor agropecuário acreano. Durante sua apresentação sobre Manejo Técnificado do Café, mercado e oportunidades, o palestrante André Cléber, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Rondônia (Senar-RO), destacou o potencial do Acre para ampliar a produção de café e se inserir de forma mais competitiva no mercado nacional e internacional.

Segundo ele, a área destinada à cafeicultura na região Norte ainda é muito baixa, mas os resultados obtidos em Rondônia mostram que o setor pode ganhar força também no Acre. “Rondônia é o destaque da região Norte, e mesmo assim, a área plantada com café representa apenas cerca de 1% da área agrícola total. Ainda assim, o café já é o terceiro produto que mais gera divisas no estado, atrás apenas da pecuária e da soja”, explicou.

Para André, as condições climáticas e de solo do Acre são propícias ao cultivo, com boa distribuição de chuvas e baixo déficit hídrico. “É uma região com grande adaptabilidade ao café. Com manejo adequado, correção e adubação, há muito espaço para expansão”, afirmou.

O palestrante também destacou que o mercado do café é promissor, especialmente com a entrada da China na compra dos robustas amazônicos, o que tem impulsionado os preços e ampliado as oportunidades. Ele citou o produtor Juan, do Selva Park, em Cacoal (RO), como um exemplo de incentivo à valorização da cafeicultura regional. “Ele costuma dizer que precisamos aprender a vender a Amazônia. Produzir café na região Norte é produzir um café que traga valor, sustentabilidade, ecoturismo e qualidade de vida ao homem do campo”, ressaltou.

De acordo com André Cléber, a cafeicultura contribui para fixar as famílias no campo, gerando renda e fortalecendo a sucessão familiar nas propriedades rurais. “O café agrega valor, melhora a renda e evita o êxodo rural, mantendo a mão de obra familiar nas comunidades”, disse.

O especialista lembrou que Rondônia hoje exporta café para mais de dez países, algo impensável há pouco mais de uma década. “Até 2010, os cafés da região Norte eram usados apenas para preencher carga de navio, servindo de blend para o arábica. Hoje, nossos cafés são consumidos como primeira opção. Em concursos de qualidade, Rondônia tem ficado entre os melhores do país”, destacou.

André também apontou o papel crescente das mulheres na cafeicultura, com iniciativas como o Concurso Florada Premiada, promovido pela Três Corações, voltado exclusivamente às produtoras. “Isso mostra que há oportunidades não só econômicas, mas também sociais”, acrescentou.

Ao ser questionado sobre a taxação do café pelos Estados Unidos, o palestrante afirmou que o impacto é global, mas ressaltou que crises também geram novas oportunidades. “A China aumentou muito o número de cafeterias e tem comprado nossos cafés robustas. Quando o mercado norte-americano retomar as compras, o volume total tende a crescer ainda mais”, analisou.

Por fim, ele destacou a importância da ferrovia planejada para o escoamento da produção, que deve beneficiar a logística da região Norte. “A ferrovia vai facilitar o transporte para os dois oceanos, Pacífico e Atlântico. Estamos numa região estratégica, com solo, clima e água favoráveis. O Acre tem tudo para crescer com o café”, concluiu.

Compartilhar esta notícia
Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sair da versão mobile