Técnico do Senar Rondônia destaca o potencial do cacau clonal como alternativa sustentável para produtores acreanos

Isarell Melo explica que a cultura pode gerar renda contínua, recuperar áreas degradadas e abrir novas cadeias produtivas na região Norte

As palestras aconteceram na 2ª edição do Festival da Macaxeira, que tem reunido produtores rurais, técnicos e instituições do setor agropecuário acreano. Entre os temas apresentados, o sistema de cultivo do cacau foi destaque na fala de Isarell Melo, técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Rondônia (Senar-RO), que ressaltou as oportunidades econômicas e ambientais da cultura para o Acre.

Segundo ele, Rondônia hoje é o quarto maior produtor de cacau do Brasil e o primeiro da região Norte, resultado de investimentos em clones e variedades mais produtivas. “A ideia é mostrar como o cultivo tecnificado pode agregar valor à produção. O mercado está carente de cacau, e isso valoriza ainda mais a amêndoa e aumenta a renda do produtor”, explicou.

Isarell destacou que, no Acre, a maior parte do cacau ainda é nativo, e muitos produtores não têm o hábito de plantar a cultura de forma planejada. “Queremos levar conhecimento para incentivar novos plantios, mostrando que o cacau pode ser uma excelente alternativa de diversificação, junto com culturas como a macaxeira e o café. Assim, o produtor agrega valor e tem mais estabilidade diante das mudanças climáticas”, afirmou.

Além da rentabilidade, o palestrante enfatizou que o cacau tem papel importante no reflorestamento e na recomposição de áreas degradadas, servindo como alternativa sustentável para quem precisa recuperar passivos ambientais. “O cacau entra como reflorestamento. É uma cultura perene, que vai continuar produzindo mesmo depois que o produtor parar de trabalhar diretamente nela. É uma renda futura garantida”, destacou.

Sobre o retorno financeiro, Isarell explicou que o cacau clonal começa a produzir entre três e quatro anos após o plantio, período em que o agricultor pode intercalar outras culturas para gerar renda. “O produtor pode plantar banana, mamão ou mandioca junto. Isso ajuda no sombreamento e garante entrada de dinheiro enquanto o cacau se desenvolve. A partir de quatro anos, já é possível faturar mais de R$ 30 mil por hectare ao ano”, exemplificou.

Ele ressaltou, no entanto, que o cultivo do cacau exige planejamento e visão de longo prazo. “O produtor não pode pensar no resultado imediato, como acontece com culturas de ciclo curto, tipo melancia. O cacau é uma poupança futura. É preciso paciência e manejo adequado para colher bons resultados por 10, 15 ou 20 anos”, orientou.

Na avaliação do técnico do Senar, a implantação de uma política voltada à expansão do cacau no Acre pode gerar grande impacto econômico e abrir novas cadeias produtivas. “Quando você começa a produzir cacau, abre espaço para o chocolate, o mel de cacau, a polpa e outros produtos. O produtor não pode pensar só em vender amêndoa. Ele precisa agregar valor com subprodutos e pequenos processamentos”, explicou.

Isarell reforçou que a diversificação é o caminho para manter a renda estável. “Se depender apenas do preço da amêndoa na bolsa, o produtor fica vulnerável. Mas se ele processar e vender produtos derivados, consegue uma margem maior e mais segurança financeira”, completou.

Compartilhar esta notícia
Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sair da versão mobile