Cooperacre deve iniciar testes da nova indústria de polpas em janeiro de 2026

De acordo com Monteiro, a nova estrutura terá tecnologia adequada para o processamento e conservação de produtos voltados à exportação

ac24horas
Foto: Whisley Ramalho

O superintendente da Cooperacre, Manoel Monteiro, concedeu entrevista ao ac24agro nesta sexta-feira, 1º de agosto, nos estúdios montados no Parque de Exposições durante a Expoacre 2025. Na conversa, ele falou sobre os investimentos da cooperativa na cadeia produtiva de frutas e os desafios para atender à demanda por polpas.

Monteiro iniciou fazendo um breve histórico sobre a atuação da Cooperacre no setor. “Desde 2008, estamos produzindo e beneficiando polpas de frutas em uma pequena indústria que, na época, era de concessão do governo estadual, depois repassada à prefeitura, e em seguida à Cooperacre. Desde então, nunca paramos”, destacou.

Ele ressaltou que o crescimento da produção por parte dos agricultores exige planejamento e alinhamento com o mercado. “Quando o produtor aumenta a produção, se não houver um mercado preparado para absorver, o preço cai, e isso prejudica toda a cadeia. Pensando nisso, mesmo com muita dificuldade, investimos com recursos próprios e também com financiamento do Banco da Amazônia para aquisição de equipamentos. Toda a estrutura física, no entanto, está sendo feita com recursos próprios”, afirmou.

A nova indústria de beneficiamento de frutas está em construção há três anos e tem como objetivo permitir a expansão da comercialização para fora do Acre e até para o mercado internacional. “Com a estrutura atual, conseguimos vender apenas dentro do estado. Tentamos levar para outros estados, mas enfrentamos problemas de logística, como o choque térmico durante o transporte, que comprometeu a qualidade do produto”, explicou.

De acordo com Monteiro, a nova estrutura terá tecnologia adequada para o processamento e conservação de produtos voltados à exportação. “A previsão é concluir as obras até novembro. A partir daí, iniciaremos os testes e o envio de amostras para os mercados”, adiantou.

Ele também informou que as questões burocráticas com o Ministério da Agricultura já estão encaminhadas. “A parte documental, como o processo de obtenção do SIF (Serviço de Inspeção Federal), está avançando bem. As instituições têm sido parceiras nesse processo”, completou.

Nova indústria permitirá armazenamento sem necessidade de congelamento e produção de polpa concentrada, afirma superintendente Manoel Monteiro

O superintendente da Cooperacre, Manoel Monteiro, destacou o diferencial tecnológico da nova indústria em construção, projetada para ampliar a produção de polpas de frutas e facilitar a entrada em novos mercados, inclusive o internacional.

Segundo Monteiro, a estrutura atual da cooperativa depende do congelamento convencional para manter os produtos. Já a nova planta terá um sistema de processamento asséptico, que permitirá o armazenamento sem uso de câmaras frias. “Essa nova indústria está sendo planejada com tecnologia 4 em 1. A primeira etapa é voltada para garantir a escala de produção, visto que precisamos atender muitos produtores. Com o processamento asséptico, conseguiremos estocar o produto por até um ano e meio sem refrigeração, mantendo todas as propriedades físico-químicas da polpa”, explicou.

O processamento asséptico possibilita o envase do produto em tonéis maiores, sem necessidade de congelamento, o que garante maior durabilidade e facilita o transporte para mercados externos. “É como comparar um frango congelado com um frango resfriado. Esse sistema dá mais fôlego logístico, pois permite que o produto chegue ao destino com qualidade preservada e sem risco de devolução por deterioração”, afirmou Monteiro.

O superintendente ressaltou que a dificuldade com a logística de transporte foi o principal entrave enfrentado pela cooperativa nas tentativas anteriores de comercializar a polpa para fora do Acre. Com a nova tecnologia, esse gargalo será superado.

Além do processamento asséptico, a nova indústria também contará com a tecnologia de concentração das polpas. “Vamos produzir polpa de fruta concentrada, o que amplia ainda mais nosso alcance de mercado. Esse tipo de produto é muito procurado por indústrias alimentícias em diversos países, o que nos permitirá atingir novos nichos e aumentar a rentabilidade da cadeia”, disse.

Monteiro afirmou que a nova indústria de polpas de frutas da cooperativa deve entrar na fase de testes de amostras já em janeiro de 2026. A declaração foi dada durante entrevista ao ac24agro, na Expoacre 2025.

Segundo ele, a previsão é que a estrutura física da nova planta industrial esteja concluída até novembro de 2025, quando será oficialmente inaugurada. A partir de então, terá início a produção em fase piloto, com foco na validação dos processos e envio de amostras ao mercado.

“Logo após a inauguração, em novembro, entraremos na fase de testes. Em janeiro de 2026, já estaremos com as amostras rodando. Em seguida, vamos trabalhar na implantação de novos equipamentos para a linha de envase, com previsão para 2027”, explicou.

Monteiro destacou ainda que, em 2026, a Cooperacre já pretende comercializar os primeiros lotes de polpa concentrada e produtos processados por meio da tecnologia asséptica, tanto no mercado nacional quanto para exportação. “O suco de caixinha deve chegar ao mercado em 2027, mas já em 2026 queremos estar vendendo nossos produtos em novos mercados, inclusive fora do país”, afirmou.

O superintendente revelou que o investimento total na expansão da cadeia de produção de polpas de frutas deverá chegar a R$ 60 milhões. “É um grande passo para a agricultura familiar e para a valorização do que é produzido aqui no Acre”, assegurou.

O superintendente da Cooperacre, Manoel Monteiro, comentou sobre a acerca da inclusão da castanha-do-brasil na lista de exceções à sobretaxa imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. “L “Recebemos a notícia e, junto ao nosso setor comercial, que mantém diálogo com a Associação Brasileira dos Produtores de Castanha e outras empresas do setor, enviamos uma carta à ApexBrasil pedindo esclarecimentos.”

De acordo com a resposta recebida pela cooperativa, a exclusão da tarifa aplica-se apenas à castanha com casca, ou seja, in natura, conforme o NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) listado no anúncio oficial. “Eles não querem nenhum tipo de beneficiamento. Isso fica a cargo da indústria norte-americana. O que está na lista é, de fato, a castanha com casca, e não a beneficiada”, disse Manoel.

Mesmo com a imposição da tarifa, a Cooperacre conseguiu manter parte das exportações. “Ainda estamos conseguindo vender. Fechamos exportações mesmo após a aplicação da tarifa”, contou.

Sobre os impactos econômicos da medida, Monteiro explicou que os prejuízos foram menores do que poderiam ter sido devido à baixa produção da safra em 2025. “Esse foi um ano atípico, de safra fraca. Mas isso é comum no setor da castanha, que é sazonal. Deus escreve certo por linhas tortas. Se tivesse sido uma safra grande, o prejuízo teria sido muito maior”, avaliou.

Assista à entrevista:

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