“Você se esqueceu de falar da escala dos frigoríficos”, disse pecuarista

Reportagem do ac24agro abordou como a intervenção da Sefaz elevando a base de cálculo do ICMS não prejudicou em nada a saída de bezerro do Acre. A quantidade de bezerro comercializada quase dobrou no primeiro semestre de 2025, comparado ao mesmo período do ano passado. Mas o produtor relaciona esse cenário à demora dos frigoríficos em realizar os pagamentos

Itaan Arruda
Com maior oferta de gado no verão, escalas nos frigoríficos ficam mais longas e impactam pecuaristas

Reportagem do site ac24agro mostrou como a pecuária de cria não foi impactada negativamente com a intervenção da “pauta do bezerro” em maio deste ano. A comercialização de animais para fora do Acre quase dobrou no primeiro semestre de 2025, comparado ao mesmo período do ano passado. Um pequeno pecuarista, sem negar os dados do Idaf, fez uma cobrança. “Você só se esqueceu de falar dos frigoríficos”, ironizou.

Sem querer se identificar com algum receio no processo de comercialização, o pecuarista que lida com a pecuária de cria disse que as escalas estão “maltratando o produtor”.

Para o leitor ainda não habituado ao dicionário da pecuária, chama-se de “escala” ao período de tempo em que o pecuarista disponibiliza o gado para o frigorífico, tem o animal abatido e recebe o pagamento por isso. O que o pecuarista está reclamando é que os frigoríficos (para usar uma expressão que facilita a comunicação) estão com uma “fila muito grande”, demorando para abater e pagar. E isso, claro, prejudica o produtor.

Só há um problema. Essa questão da escala é sazonal. E, em especial, nesta época do ano. Com a diminuição das chuvas, muitos pecuaristas que antes tinham dificuldades de escoar a produção, agora têm acesso. No inverno, alguns até chegam a “tocar o gado” até um ponto da estrada onde é possível fazer o embarque no caminhão. Mas nem todos conseguem fazer isso e o gado, muitas vezes, fica mesmo estocado no pasto até o verão chegar.

Nessa época do ano, tanto os pecuaristas que estão com propriedades em locais que ofertam gado o ano todo quanto os que vêm de áreas mais isoladas apresentam gado para abate. É um problema clássico. Em Porto Acre, há três semanas, o clima ficou tenso em um dos dois abatedouros que atendem a região. Mas foi equacionado.

O investimento em infraestrutura ameniza esse problema porque colocaria o produtor com opção de escolher ao longo do ano os melhores momentos para ofertar o produto. Evitaria a concentração em um só período. Na prática, o produtor tem, no máximo, quatro meses no ano.

O segundo fator que ameniza isso é ter mais frigoríficos. Em Tarauacá, há uma alternativa. A operação da BMG Foods tem condições de atender parte da região do Vale do Tarauacá/Envira e Cruzeiro. Com capacidade de operar no abate de 300 cabeças ao dia, já responde por uma significativa parte da demanda do Acre.

Aqui no Vale do Acre, o Frigonosso, habilitado para exportar para 10 países, incluindo Canadá, Hong Kong e Marrocos, está em processo de expansão. A nova estrutura deve ficar pronta em 90 dias. Com previsão de desossa para 500 bois por dia (duas mil peças). A capacidade de abate é de 600 cabeças diárias. Será um dos maiores frigoríficos da região. O cenário é de investimento e de qualificação da pecuária no Acre.

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