Transformar frutas da floresta em doces cheios de identidade é o que move a acreana Lucilene Gomes, responsável pela marca Sabor Nativo. Há mais de 15 anos, ela trabalha com a produção artesanal de geleias e doces regionais, e garante: o processo vai da fruta ao pote, com muito cuidado e dedicação.
“Eu tenho fruta em casa, eu mesma faço todo o processo: corto, limpo e preparo até chegar à geleia. Mas também compro de parceiros”, contou Lucilene durante participação no seminário Txai Amazônia, em Rio Branco. A marca trabalha atualmente com mais de 10 sabores, e o grande destaque é o pupuá, fruta nativa e símbolo da produção.
Além de produzir, ela também comercializa pessoalmente e oferece degustação dos produtos, algo que considera essencial. “Se você levar meu produto, vai levar sabendo qual o sabor. Não é como pegar um doce no mercado e só descobrir depois se gostou ou não”, explica.
Apesar da paixão pelo que faz, Lucilene também enfrenta grandes desafios. “A gente mora num estado ainda muito distante. Só pra sair do meu sítio já é difícil, imagina trazer os produtos para cá. Até os potes recicláveis eu tenho que pedir de fora, porque aqui não tem”, relata.
Outro obstáculo é a falta de estrutura para ampliar a produção e alcançar novos mercados. “A gente participa desses grandes eventos pra tentar mostrar nosso trabalho e, quem sabe, conseguir chegar a outros estados. Nosso sonho é exportar também. A gente acredita que é possível.”
A Sabor Nativo é exemplo de como a bioeconomia amazônica pode gerar renda com respeito à floresta e à cultura local — desde que o poder público e a sociedade deem apoio para que esses produtos saiam do seringal e conquistem o mundo.