A adoção do vazio sanitário da soja — período em que é proibida a presença de plantas vivas da cultura no campo — vai muito além de uma exigência legal. De acordo com o vice-diretor da Embrapa Acre, Judson Amorim, a medida é uma estratégia essencial para proteger a lavoura da ferrugem asiática, reduzir custos de produção e promover práticas agrícolas mais sustentáveis.
“A ferrugem pode dizimar uma plantação. É uma doença grave, por isso o vazio sanitário é fundamental. Sem a presença da soja no campo nesse intervalo, conseguimos reduzir a incidência do patógeno e, com isso, também a necessidade do uso de agroquímicos para o controle da doença”, afirma o pesquisador.
Além do impacto fitossanitário, Judson destaca que a prática traz ganhos econômicos e ambientais para o produtor. “Há um ganho direto na redução de custos com defensivos, e também um benefício ambiental claro, com menor uso de químicos na lavoura.”
O pesquisador explica que o ciclo produtivo da soja no Acre normalmente começa entre outubro e dezembro, com a colheita ocorrendo entre janeiro e fevereiro. Após a colheita, muitos produtores aproveitam a área para plantar milho e, junto com ele, capim braquiária, que funciona como planta de cobertura. “Esse capim ajuda a manter a umidade do solo, a matéria orgânica, e contribui para a conservação da área. Além disso, o produtor que também trabalha com pecuária pode utilizar essa mesma área para o chamado ‘boi safrinha’ por até três meses”, observa.
O sistema integrado de produção — soja na safra, milho na safrinha e pasto para o gado — é uma tendência crescente no agronegócio brasileiro, e, segundo Judson, se encaixa perfeitamente nas condições produtivas do Acre.
“A adoção do vazio sanitário é, portanto, uma peça-chave nesse processo. Ela contribui para a sanidade da cultura, diminui o uso de insumos e ainda favorece sistemas mais integrados e sustentáveis. É uma prática técnica, inteligente e necessária para quem quer produzir com eficiência”, conclui.