A ferrugem asiática da soja é uma ameaça silenciosa que pode dizimar lavouras inteiras em poucos dias. A advertência é do engenheiro agrônomo e doutor em fitopatologia Josimar Batista Ferreira, que vem percorrendo o Acre levando informações técnicas sobre a doença, que já foi registrada no estado em safras anteriores.
“Essa é uma doença muito agressiva, que pode causar perdas econômicas graves. O fungo é facilmente dispersado pelo vento e pode atingir grandes distâncias, até 500 ou 600 quilômetros. Isso significa que, mesmo quem cuida bem da sua lavoura, está vulnerável caso outros não façam o mesmo”, explica Josimar.
Segundo o especialista, o ciclo da doença é extremamente rápido. “Em apenas seis a dez dias, o fungo completa um ciclo e já começa a nova infestação. Ele coloniza o tecido foliar, causa a desfolha da planta e compromete completamente o desenvolvimento da lavoura”, alerta.
Josimar é enfático ao defender o monitoramento constante da lavoura. Ele destaca que a identificação precoce da ferrugem pode ser feita com ferramentas simples, como uma lupa e uma câmera úmida. “O bom agrônomo é aquele que suja a bota. Tem que sair do carro, andar pelo talhão, observar as folhas contra a luz e procurar os primeiros sintomas”, ensina.
Outro ponto crucial abordado pelo fitopatologista é a importância do vazio sanitário, medida fitossanitária obrigatória que proíbe o cultivo da soja por um período determinado, justamente para quebrar o ciclo do fungo. “Deixar plantas guaxas nas margens das estradas ou em áreas de colheita mal manejadas é uma das maiores fontes de inóculo. Isso não pode acontecer. Estamos falando de uma ameaça real à produtividade”, reforça.
O agrônomo também celebrou o desempenho recente da soja no Acre, que vem batendo recordes de produtividade. Segundo ele, muitos produtores já colhem até 75 sacas por hectare, superando a média nacional. “Isso mostra que temos condições excelentes aqui. Mas é preciso manter a sanidade da lavoura. Sem controle da ferrugem, todo esse esforço pode ir por água abaixo”, completa.
Por fim, Josimar faz um apelo pela valorização da ciência e dos profissionais da agronomia. “Somos os médicos das plantas, mas não trabalhamos sozinhos. Precisamos de integração com os produtores, com as universidades, com as instituições públicas. Só assim conseguimos garantir segurança alimentar e o sucesso da agricultura no estado”, conclui.