Em Acrelândia, 16% dos atendimentos foram para emissão de Contrato de Concessão de Uso

Com geografia favorável à agricultura e planejada por projeto do Bird, a cidade se consolida como polo agrícola

Itaan Arruda
Famílias assentadas recebem atendimentos em mutirão do Incra em escola rural de Acrelândia
Mutirão do Incra reuniu 300 famílias em Acrelândia para serviços fundiários

O Incra realizou um mutirão de serviços para os assentados na região de Acrelândia. Em dois dias, foram cerca de 500 atendimentos divididos entre 300 famílias de assentados que foram à escola Marcílio Pontes para resolver pendências com o Governo Federal. E um dado chama atenção: 16% dos atendimentos foram voltados para assinatura de Contrato de Concessão de Uso, o CCU.

É um dado importante porque o CCU é um contrato que vai enraizando a participação daquela família de produtores naquela comunidade. Não é uma titulação definitiva. É um título “provisório” que o agricultor recebe antes de receber outro documento: o “Título de Domínio”. São etapas (ou instrumentos) em que o poder público vai fortalecendo o vínculo com o produtor assentado.

Outro dado importante que aponta para a consolidação e permanência do assentado na região é o Contrato de Crédito de Instalação. Foram 65 famílias que assinaram esse contrato, resultando em mais de R$ 1 milhão. O CCI é aplicado pelo produtor em diversas coisas. Geralmente, para dar uma melhorada na moradia ou em um ou outro equipamento para melhorar a produção. Quem tem acesso a esse crédito pretende fortalecer ainda mais a relação com o lugar e com aquele modo de vida. Dificilmente, uma família vai conquistando esses espaços institucionais para abandonar o assentamento.

O Incra/AC voltou a ser destaque de desempenho nacional. E já anunciou a intenção de criar 10 projetos de assentamento até 2026. É uma meta ousada. Ousada e arriscada.

Seja nos Projetos de Assentamentos Extrativistas (PAE), nos Projetos de Desenvolvimento Sustentável (PDS) ou nos Projetos de Assentamento Florestal (PAF), o assentado do Incra não vive isolado dentro da bolha das políticas do Governo Federal. É preciso política agrícola estadual para poder absorver a produção.

Para além das questões de infraestrutura para garantir o escoamento da produção ou armazenagem, o Governo do Estado precisa apoiar com formulação de política de preço e abertura de mercados (inclusive internos). Por exemplo: se houvesse uma política consorciada do Governo do Acre com o Incra para fazer com que os assentados se comprometessem em garantir o abastecimento com determinados produtos para regiões específicas do Acre. Isso garantiria segurança econômica ao assentado com garantia de preço mínimo e segurança alimentar para as regiões atendidas. O assentado teria a liberdade de fazer parte ou não de um programa desse. É um exemplo de consórcio de políticas.

Mas o que se quer reforçar é que é preciso integração. O Incra sozinho não vai resolver tudo. e já são bastante numerosos os exemplos de como é caro para todos a abertura de projetos de assentamento sem política agrícola que os ampare.

Compartilhar esta notícia
Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *