A safra 2024/2025 da castanha-do-Brasil teve redução registrada em vários lugares da Amazônia, região exclusiva da colheita da amêndoa. No Acre, a queda na safra foi de 70%. É o que informa o diretor da maior cooperativa extrativista do país, a Cooperacre, Manoel Monteiro.
“Andei por mais de 200 comunidades do Acre nesses últimos meses e em todas elas os produtores relatam diminuição de setenta por cento na colheita da castanha”, relata Monteiro. Os produtores, na verdade, já esperavam uma safra menor. “Desde que eu me entendo por gente, é sempre assim. De tempos em tempos, vem uma safra baixa. É o que está ocorrendo agora”.

Essa flutuação já tem relação com o fenômeno El Niño que, mesmo antes de ser nominado, já era percebido empiricamente pelos extrativistas.
Os números apresentados pela Cooperacre mostram essa oscilação das safras, com um detalhe. Ao observar esses números, é preciso ter como referência também que, além dos efeitos das mudanças climáticas, há também as intervenções da concorrência para as usinas de beneficiamento da Bolívia e (mais recentemente) do Peru.
Cleísa Cartaxo, pesquisadora da Embrapa/AC que estuda a cadeia produtiva da castanha há mais de 20 anos, afirmou que ainda não há números consolidados sobre a queda na safra de castanha este ano. “Ainda não temos dados fechados. Estamos levantando os dados nos estados. Produtores têm relatado redução da ordem de 60 a 80%”, relatou a pesquisadora, confirmando o que disse o dirigente da Cooperacre.
Produção de Safra (Cooperacre – 2017 a 2025)
Ano da Safra | Produção (toneladas) |
---|---|
2017 | 2.500 |
2018 | 5.500 |
2019 | 2.800 |
2020 | 2.200 |
2021 | 2.500 |
2022 | 3.500 |
2023 | 4.000 |
2024 | 3.900 |
2025 | 1.700 |
Fonte: Cooperacre
Ano de 2026 será de risco para o setor de beneficiamento da castanha
A avaliação do diretor da Cooperacre Manoel Monteiro é de que o ano de 2026 será “muito arriscado” para quem trabalha com o beneficiamento da castanha. “As ofertas foram muito baixas [este ano] e muitos clientes vão ficar desabastecidos”, avalia Monteiro. “Além disso, os preços também ficaram muito altos e muitos clientes, pelos dois motivos, vão desistir do ramo”.
A visão do dirigente é de que a lucratividade de quem beneficia a castanha-do-Brasil seja baixa. “Na próxima safra, que tende a ser de média para grande, vai iniciar com preços muito altos e, a partir de março, os preços devem cair na hora da venda, fazendo com as beneficiadoras tenham prejuízos”.