Tratativas sobre importação da truta salmonada estão paradas

Câmara fria pode ser instalada na ZPE para demanda mensal de 250 toneladas destinadas ao Acre, Rondônia e Amazonas

Itaan Arruda

O processo para importação da truta salmonada peruana está parado. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) aguarda provocação do Governo do Acre para dar continuidade às tratativas. As exigências são mínimas.

“Não existe nenhum tipo de restrição sanitária para entrada desse produto no Brasil”, explica o superintendente do Mapa no Acre, Paulo Trindade. “No entanto, o Estado do Acre não possui hoje estrutura montada para realizar a inspeção desse produto. Essa é a única situação”.

A inspeção é feita pela equipe da Vigiagro (Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional), vinculada ao Mapa. A estrutura necessária para a inspeção é, na prática, uma câmara fria. 

O empresário da PerBra Holding, Alejandro Salinas, está fazendo essa mediação da comercialização da truta salmonada do Peru para o Brasil. Atualmente, a truta salmonada do Peru chega ao Acre depois de fazer uma longa viagem.

Falando de uma forma direta: o produto sai do Peru contrabandeado e segue para o Chile. Do Chile, segue para o Porto de Santos em São Paulo e de São Paulo vem ao Acre, geralmente pelo modal rodoviário. Essa logística, claro, impacta no preço final. Dependendo da época do ano, o quilo da truta salmonada ultrapassa R$ 100 em Rio Branco.

Hoje, a demanda com que a PerBra Holding é de importar entre 220 a 250 toneladas de truta salmonada por mês. Só no Estado do Amazonas, a estimativa é de importar 160 toneladas mensais.

Qual a vantagem do Acre nesse processo de importação? A vantagem é que o Acre vai ser uma espécie de ponto de distribuição regional. A empresa importadora pode iniciar com a truta, mas pode estender isso para outros produtos ou outras regiões.

“É possível ter uma lucratividade muito atrativa, mesmo longe dos grandes centros consumidores. É preciso estudar os produtos corretos e ter a logística correta. A nossa meta é o Norte e o Acre como porta de entrada”, ensina Salinas.

O deputado estadual Luiz Gonzaga (PSDB) é a interface política desse processo, junto com o senador Alan Rick (União Brasil/AC) que, inclusive, tem emenda parlamentar destinada a consolidar essa estrutura para que o Acre passe a ter condições de importar proteínas em uma área alfandegada.

No Norte, apenas Belém e Manaus têm essa estrutura. E Manaus tem um problema. Apenas nos super terminais no porto o Mapa consegue fazer essa inspeção. A carga, portanto, não pode usar o modal aéreo. Tem que ser via fluvial.

“Ainda está faltando definir como será essa infraestrutura. No início, havia a ideia de usar contêiner refrigerado. Nós estamos pensando em colocar na ZPE que já vai ter a câmara fria”, afirmou o secretário de Estado de Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia, Assurbanipal Barbary de Mesquita.

Estudos já realizados por um empresário acreano que demonstrou interesse em importar, fazendo o uso do modal rodoviário direto do Peru para a ZPE, o preço do quilo da truta sairia a R$ 50.

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Itaan Arruda. Jornalista. Foi correspondente no Acre dos jornais Gazeta Mercantil Amazonas e O Estado de S. Paulo e repórter do jornal A Tribuna. Atuou na Secretaria de Estado de Comunicação nas gestões de Jorge Viana e Binho Marques. Foi repórter do jornal A Gazeta, editor do site agazeta.net e apresentador da TV Gazeta, afiliada à Record TV no Acre. Produziu e apresentou o programa de rádio "Voz do Povo", na Rádio Cidade. Atuou também como redator do site ac24horas. Hoje, é repórter do site ac24agro.
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