O plantel de 5,1 milhões de cabeças, contabilizado na última contagem do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf), traz uma sutileza. Um detalhe que pode apontar para uma tendência na pecuária de corte acreana. As regionais do Purus, Tarauacá/Envira e Juruá somam mais de 1,5 milhão de cabeças. O número precisa ser contextualizado.
Principalmente depois de Feijó, indo mais ao Oeste do Acre (popularmente falando, indo para Cruzeiro do Sul), a geografia muda. O relevo começa a apresentar alguma irregularidade que dificulta, em boa medida, a mecanização para a produção de grãos em grande escala. Por outro lado (e os números mostram isso), a pecuária de corte nessas três regionais tem demonstrado força.
Nas 8.822 propriedades rurais nessas três regionais, sofrem um problema crônico da economia acreana: capital de giro baixo ou inexistente. E isso, em se tratando de criação bovina de alto rendimento em uma Área Livre de Aftosa Sem Vacinação acende um alerta.
“O que a gente não pode errar de jeito nenhum é na questão sanitária”, afirma o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Acre, Assuero Veronez. “Nós conseguimos esse status de Zona Livre de Aftosa Sem Vacinação a duras penas, em um trabalho muito bem feito, com muito esforço, que envolveu os pecuaristas, envolveu governo, envolveu uma estruturação do corpo técnico do Idaf, que hoje faz um trabalho muito eficiente. E os produtores também que participam diretamente com isso, por meio do Fundepec”.
O cenário, portanto, é o seguinte: a possibilidade de expansão da pecuária de corte para o oeste do Estado encontra dentro das porteiras, em muitos casos, produtores descapitalizados. Isso vai exigir mais trabalho por parte da Idaf. E, associado ao fortalecimento do Idaf, um trabalho incessante de conscientização junto ao pequeno pecuarista (produtores de carne com até 100 cabeças de gado na propriedade) sobre a importância de manter a saúde do rebanho.
Um dos fatores que explica a expansão da pecuária nas três regionais foi a adoção de técnicas, antes distantes da rotina do produtor local. “Com o avanço da biotecnologia, especificamente a inseminação artificial, aumentou o número de propriedades que estão investindo em melhoramento genético”, constatou o veterinário do Idaf Renan Viana Nogueira de Araújo.
A expansão para o oeste também vai exigir reação por parte de outros agentes públicos. Os problemas de regularização ambiental (embargos e CAR) e regularização fundiária (documentação das propriedades).
Vale do Rio Acre (Alto e Baixo) continua concentrando produção
A área com mais capital instalado nas propriedades rurais continua sendo a região do Vale do Rio Acre (tanto no Alto quanto no Baixo Acre). Com 15,4 mil propriedades, essas regionais concentrando um rebanho de 3,6 milhões de bovinos. Veja o gráfico representando algumas cidades.
Comparação Regional de Produção de Bovinos
Fonte: 8ª Campanha de Declaração de Rebanhos do Acre, Dezembro de 2024 – IDAF/ACRE
Produção: Alto + Baixo Acre vs Outras Regiões
Região | Rebanho Total | % do Total |
---|---|---|
Alto + Baixo Acre | 3.677.070 | 70,9% |
Purus, Tarauacá/Envira e Juruá | 1.509.846 | 29,1% |
Total | 5.186.916 | 100% |
Principais Cidades – Propriedades e Bovinos
Cidade | Propriedades | Rebanho (Bovinos) |
---|---|---|
Rio Branco | 2.501 | 674.973 |
Sena Madureira | 2.397 | 586.666 |
Senador Guiomard | 1.298 | 403.282 |
Bujari | 1.133 | 380.087 |
Porto Acre | 1.450 | 378.476 |