EUA elevam tarifas e atingem mais de 5 mil produtores da bioeconomia na Amazônia

Setores de açaí, cacau, mel e óleos vegetais, que renderam quase R$ 900 milhões em exportações em 2024, estão entre os mais impactados

Luiz Eduardo Souza
Diretora da ABDI fala que Complexo Industrial do Café do Juruá tem foco na produção sustentável. (Foto: Luiz Eduardo)

Um levantamento da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e do Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (Ipam) mostra que as novas tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros – que chegam a 50% – devem atingir diretamente mais de 5 mil produtores e 216 empreendimentos da bioeconomia na Amazônia Legal.

Entre os itens mais afetados estão açaí, cacau, mel e óleos vegetais, que juntos movimentaram cerca de R$ 894 milhões em exportações para o mercado norte-americano apenas em 2024. A medida, apelidada de “tarifaço”, não abrange setores como mineração, petróleo, gás e petroquímicos, mas impacta principalmente cadeias produtivas sustentáveis ligadas à sociobiodiversidade.

Segundo o estudo, ao menos 5.400 CNPJs ativos na região – de um universo de 11 mil mapeados – serão prejudicados direta ou indiretamente. Diante do novo cenário, a ABDI tem intensificado esforços para fortalecer as cadeias produtivas locais e buscar alternativas de inserção em outros mercados internacionais, reduzindo a dependência das vendas aos Estados Unidos.

“A Amazônia possui um potencial extraordinário de geração de riqueza a partir de produtos como açaí, cacau, castanha-do-brasil e café, promovendo o saber tradicional das populações locais. No entanto, o país ainda enfrenta desafios para aproveitar plenamente esse potencial, como a necessidade de infraestrutura, acesso a mercados, investimentos e regulamentações adequadas. E essa medida tarifária piora esse cenário”, afirmou a diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI, Perpétua Almeida.

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