Pesquisador do Inpa aponta pecuária como principal responsável por impacto no Rio Acre

Evandro José, do Inpa, afirma que fazendas de pecuária às margens do Rio Juruá estariam promovendo captação irregular de água e desmatamento, com possíveis impactos no equilíbrio hídrico da região.

Luiz Eduardo Souza
Orçamento Climático é um conceito que exige participação social para interferência, de influência em quanto será aplicado de recurso público para evitar problemas relacionados às mudanças climáticas Foto: Odair Leal

Durante entrevista sobre os impactos ambientais nas margens do Rio Acre, o pesquisador Dr. Evandro José, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), levantou uma crítica direta à forma como a pecuária tem ocupado áreas próximas ao leito do rio, destacando a captação irregular de água como um fator preocupante.

“Se alguém resolver fazer um estudo usando o SIG, não é difícil estimar quanto da margem do Rio está sendo ocupada por esse tipo de captação irregular de água. […] Está na cara que é um exagero”, afirmou.

Dr. Evandro reconhece que ainda faltam dados técnicos conclusivos, mas afirma que, entre os setores produtivos, é a pecuária que mais contribui para esse impacto:

“Então, e aí como é que a gente vai fazer? Vai prejudicar a produção da pecuária? Mas mais a pecuária, né, do que a agrícola. Porque é pouca gente rica aqui no Juruá. Então só a coletiva de açaí que se rica aqui na região. O resto depende da chuva.”

Segundo ele, a agricultura familiar tradicional não tem tanto peso nesse problema por depender de sistemas menos intensivos, enquanto as fazendas pecuaristas estariam promovendo desmatamentos e captando água sem autorização, afetando o equilíbrio hídrico do rio.

“Fazendas ao longo do rio, a cada vez que têm desmatado a floresta, também estão captando, ilegalmente, sem retornar à sociedade, a água que deve vir para o rio.”

O pesquisador ainda sugere que, se estudos forem realizados e comprovarem o dano, será possível afirmar com base técnica que a pecuária está, sim, impactando negativamente o ecossistema do Juruá e, possivelmente, de outras regiões a jusante.

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