Durante entrevista sobre os impactos ambientais nas margens do Rio Acre, o pesquisador Dr. Evandro José, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), levantou uma crítica direta à forma como a pecuária tem ocupado áreas próximas ao leito do rio, destacando a captação irregular de água como um fator preocupante.
“Se alguém resolver fazer um estudo usando o SIG, não é difícil estimar quanto da margem do Rio está sendo ocupada por esse tipo de captação irregular de água. […] Está na cara que é um exagero”, afirmou.
Dr. Evandro reconhece que ainda faltam dados técnicos conclusivos, mas afirma que, entre os setores produtivos, é a pecuária que mais contribui para esse impacto:
“Então, e aí como é que a gente vai fazer? Vai prejudicar a produção da pecuária? Mas mais a pecuária, né, do que a agrícola. Porque é pouca gente rica aqui no Juruá. Então só a coletiva de açaí que se rica aqui na região. O resto depende da chuva.”
Segundo ele, a agricultura familiar tradicional não tem tanto peso nesse problema por depender de sistemas menos intensivos, enquanto as fazendas pecuaristas estariam promovendo desmatamentos e captando água sem autorização, afetando o equilíbrio hídrico do rio.
“Fazendas ao longo do rio, a cada vez que têm desmatado a floresta, também estão captando, ilegalmente, sem retornar à sociedade, a água que deve vir para o rio.”
O pesquisador ainda sugere que, se estudos forem realizados e comprovarem o dano, será possível afirmar com base técnica que a pecuária está, sim, impactando negativamente o ecossistema do Juruá e, possivelmente, de outras regiões a jusante.