Parque Nacional da Serra do Divisor teve apenas 2.995 visitantes em 2024: Acre quer mudar isso

Empresário Marcello Moura acompanha a estruturação das bases legais para que iniciativa privada tenha mais segurança jurídica em investir no Turismo nos parques nacionais

Itaan Arruda
Presidente da CDL, Marcello Moura entende que Turismo pode mudar a estrutura da economia do Vale do Juruá (Foto: Sérgio Vale)

O Parque Nacional da Serra do Divisor, o único parque nacional do Acre, é um vazio turístico. E não é por falta de atrativos e nem por falta de informações. A unidade tem um Plano de Manejo elaborado há 26 anos, ainda quando estava sob a responsabilidade do Ibama. O documento foi aprovado em 2002, mas não conseguiu trazer consequências econômicas práticas. Ano passado, apenas 2.995 turistas visitaram o local.

A elaboração do Plano de Manejo, incluindo o mapeamento do potencial turístico, envolvimento comunitário, qualificação de mão de obra local, foi coordenada pela organização não governamental SOS Amazônia. É o instrumento fundamental para iniciar o processo de atração de investimentos.

Passado tanto tempo, o documento precisa passar por revisão para tentar mudar o cenário. O Acre, comparado a outras regiões, precisa melhorar muito. Um estudo feito pelo Instituto Semeia, entre agosto e novembro de 2024, faz um diagnóstico da atual cena turística nos parques nacionais ou estaduais do país, “apoiando a construção de uma agenda para o Turismo em unidades de conservação”.

De acordo com o estudo, “o monitoramento de políticas públicas é prática fundamental para entender e avaliar a efetividade de ações e programas”.

O Instituto Semeia afirma que para a construção de uma agenda é preciso criar uma espécie de “ciclo de políticas públicas”: formulação de um plano de ação; implementação; monitoramento e avaliação. Esse é o ciclo. Uma sequência de ações elementares.

O Ministério do Meio Ambiente é o órgão responsável pelas concessões. A palavra não é muito bem aceita por integrantes do governo porque entendem que transmite a ideia de que iniciar o processo de abertura do gerenciamento do espaço para a iniciativa privada pode ser entendido como uma etapa para a privatização. E, definitivamente, não é isso o que se quer.

A ministra Marina Silva defende a abertura para que a iniciativa privada atue no fomento ao Turismo nos parques e unidades de conservação. Um empresário que atua no Acre disse que, há aproximadamente 15 anos, já pensou em investir na ideia do “turismo mochileiro”, mas não se sentiu seguro. “A legislação era muito restritiva”, disse sem querer se identificar.

Já o empresário e presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Acre, Marcello Moura, não tem poupado articulações políticas para poder investir com mais segurança no segmento. Tem ido a Brasília e feito agendas diretas tanto com a própria ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, quanto com o presidente da Embratur, Marcelo Freixo. “É preciso fazer um grande estudo, e quem faz esse estudo é a Embratur, para entender com precisão o perfil do turista que está disposto a vir para a Serra do Divisor”, afirmou. “O Turismo [referindo-se à Serra do Divisor] tem condições de mudar a economia no Juruá”.

Uma das referências legais que oferece mais segurança à iniciativa privada foi aprovada no fim do ano passado na Câmara dos Deputados. O projeto de lei de autoria do deputado federal Túlio Gadelha (Rede/PE) cria uma política nacional de visitação dos parques ambientais, com previsão de investimento privado para financiar infraestrutura de visitação. O texto foi aprovado no Senado e aguarda sanção do presidente da República.

Estava marcada para junho uma imersão de empresários e gestores e técnicos do Ministério do Meio Ambiente e da Embratur na região. O encontro foi adiado por problemas de agenda do deputado Túlio Gadelha.

De olho no turista asiático, o empresário Marcello Moura já arquiteta o modal aeroviário com as seguintes escalas, todas tendo Cruzeiro como destino: Cuzco/Cruzeiro e Manaus/Cruzeiro. ““Hoje, o turista que mais viaja no mundo é o asiático”, constata Moura. “Você disse que a Serra do Divisor teve menos de três mil visitantes durante todo ano passado, não foi? Machu Picchu recebe 4,2 mil por dia”. 

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