Enquanto o cultivo do café ganha força em regiões como o Vale do Juruá e o Alto Acre, impulsionado por investimentos federais de cerca de R$ 20 milhões, produtores de Rio Branco alertam para um possível desequilíbrio na base alimentar do Acre. A preocupação é que o foco crescente no café leve ao abandono da macaxeira, principal matéria-prima da farinha, goma e tucupi, produtos que sustentam boa parte da economia rural e da mesa acreana.
José Ferreira, conhecido como Ferreirinha, é um dos produtores que veem o cenário com apreensão. “Se o produtor migrar pro café, vai faltar alimento no estado. Um só não segura. A gente trabalha com 100 a 120 sacos de macaxeira por semana, fora as outras casas de farinha. Se todo mundo for pro café, vai faltar farinha, goma e bolo de macaxeira”, disse o agricultor.
Segundo ele, a macaxeira mantém o mesmo preço há anos, enquanto o café atrai pela rentabilidade. “O preço do café tá bom, e dá menos trabalho. A macaxeira tá sempre no mesmo valor. Mas o dia que ela faltar, o povo vai sentir”, alerta.
Ferreirinha defende que, para manter o equilíbrio, é preciso investimento e políticas de valorização da mandioca. “A macaxeira é alimento, é cultura. Se ela cair, não é só o produtor que perde, é o Acre inteiro”, resume.