O Acre foi contemplado com R$ 6,33 milhões em recursos federais destinados à conservação, manutenção e recuperação de nove rodovias estaduais ao longo de 2026. O repasse é oriundo da Cide-Combustíveis, contribuição cobrada sobre a comercialização de combustíveis no país, e foi autorizado pelo Ministério dos Transportes.
A liberação dos recursos está prevista na Portaria nº 939, publicada em 18 de dezembro, e faz parte da divisão nacional do fundo entre os estados. No Acre, o investimento será direcionado a trechos considerados estratégicos, que conectam Rio Branco a municípios do interior e regiões de fronteira, corredores fundamentais para a economia e o abastecimento estadual.
Os valores deverão ser utilizados em ações como recuperação do pavimento, serviços de tapa-buracos e melhorias nas condições de tráfego. A expectativa é de impacto direto para o setor produtivo, especialmente para produtores rurais que dependem das estradas para o transporte de alimentos, insumos agrícolas, gado e produtos extrativistas.
Com vias em melhores condições, produtores tendem a reduzir custos logísticos, perdas no transporte e atrasos no escoamento da produção, além de ganhar mais segurança no deslocamento até feiras, frigoríficos, cooperativas e centros de comercialização.
O montante de R$ 6.337.978,18 será distribuído entre nove trechos de rodovias estaduais, com repasses fracionados igualmente ao longo dos quatro trimestres de 2026. Os investimentos previstos contemplam as seguintes estradas:
- AC-040 (Rio Branco–Plácido de Castro): R$ 1,85 milhão
- AC-090 (Rio Branco–km 100): R$ 1,77 milhão
- AC-010 (Rio Branco–Porto Acre): R$ 1,09 milhão
- AC-475 (entroncamento da BR-364–Acrelândia/Plácido de Castro): R$ 782,4 mil
- AC-407 (entroncamento da AC-405–Rodrigues Alves): R$ 263,3 mil
- AC-485 (BR-317–Xapuri): R$ 187,7 mil
- AC-380 (variante da BR-317–Xapuri): R$ 166 mil
- AC-405 (Cruzeiro do Sul–Mâncio Lima): R$ 112,9 mil
- AC-445 (Bujari–Vila do V): R$ 100,7 mil
Mesmo com o reforço financeiro, o cenário viário do Acre ainda exige atenção. Levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT) aponta que o estado figura entre os mais problemáticos do país em qualidade das estradas. Em 2023, mais de 1,1 mil quilômetros da malha rodoviária apresentavam condições classificadas como ruins ou péssimas.
Em relação à pavimentação, o diagnóstico é ainda mais preocupante: dos mais de 1,3 mil quilômetros de rodovias avaliadas, cerca de 53% tinham o asfalto em condição péssima. A sinalização também apresenta deficiências, com centenas de quilômetros avaliados como regulares ou inadequados.
A situação das rodovias federais reforça esse desafio. A BR-364, principal eixo de ligação entre Rio Branco e o Vale do Juruá, enfrenta há anos problemas estruturais. Em períodos mais críticos, o deslocamento até Cruzeiro do Sul pode ultrapassar 24 horas, afetando diretamente o abastecimento, o transporte da produção rural e a economia regional.
Em resposta a esse cenário, o governo federal anunciou, em agosto, investimentos superiores a R$ 800 milhões para a recuperação da BR-364. As obras estão organizadas em quatro lotes e têm conclusão prevista até 2028, abrangendo trechos entre a divisa com Rondônia, Rio Branco, Bujari, Sena Madureira, Feijó e municípios do Vale do Juruá.
Somados, os investimentos nas rodovias estaduais e federais aumentam a expectativa de melhoria da logística no Acre e podem representar um avanço importante para o fortalecimento da produção rural, da integração regional e da competitividade da economia acreana.
