Os dados da balança comercial do Acre, referentes ao período de janeiro a outubro de 2025, evidenciam um avanço expressivo no desempenho externo do estado em comparação ao mesmo período de 2024. De acordo com informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mindic), as exportações acreanas cresceram 12,0%, passando de US$ 75,02 milhões em 2024 para US$ 84,02 milhões em 2025, conforme pode ser visualizado na tabela a seguir.

No sentido oposto, as importações registraram queda de 7,1% no mesmo período, recuando de US$ 4,16 milhões em 2024 para US$ 3,86 milhões em 2025. A redução pode estar relacionada tanto a uma substituição de importações por produtos locais quanto à diminuição da demanda por insumos ou bens estrangeiros, talvez por ajustes no consumo interno ou na estrutura produtiva local.
Como consequência desse movimento combinado — aumento de exportações e queda de importações —, o saldo da balança comercial do Acre apresentou um crescimento expressivo de 13,1%, atingindo US$ 80,16 milhões em 2025, contra US$ 70,86 milhões em 2024. Esse superávit reforça a posição favorável do estado no comércio exterior e indica maior capacidade de geração líquida de divisas.
Soja impulsiona o primeiro semestre; carne bovina assume a liderança nas exportações a partir do segundo semestre
A análise das exportações do Acre no período de janeiro a outubro revela uma trajetória de recuperação e crescimento em 2025, com várias oscilações mensais, mas tendência geral superior ao desempenho registrado em 2024. O valor exportado acumulado no ano mostra avanços importantes, impulsionados sobretudo pelos resultados expressivos dos meses de abril, março e maio de 2025, conforme pode ser visualizado no gráfico a seguir.
Entre março e maio de 2025, as exportações do Acre foram fortemente influenciadas pela soja, consolidando-se como o principal motor do aumento das vendas externas nesse período. Em março, as exportações deram um salto significativo, alcançando US$ 11,1 milhões, impulsionadas pelo pico da colheita e pela ampliação da capacidade logística de escoamento. O movimento se intensificou em abril — mês de maior volume exportado no ano — com US$ 16,9 milhões, Em maio, mesmo com leve desaceleração, as exportações permaneceram em patamar elevado (US$ 9,0 milhões), consolidando o trimestre como o auge do ciclo da soja.
A partir de agosto, observa-se um novo vetor de crescimento nas exportações, desta vez liderado pela carne bovina, resultado da retomada gradual dos frigoríficos exportadores e da habilitação de novos mercados compradores. Embora agosto ainda tenha registrado queda geral nas exportações totais, já havia sinais de aumento nos embarques de proteína animal, tendência que se confirma a partir de setembro e, sobretudo, outubro, quando o Estado volta a registrar elevação das vendas externas. O avanço da carne bovina nesse período reflete a maior inserção do Acre em outros mercados, principalmente nos asiáticos.

Predominância das proteínas animais nas exportações acreanas: bovinos lideram, soja mantém peso e produtos florestais preservam relevância
A estrutura das exportações acreanas entre janeiro e outubro de 2025 revela um perfil fortemente concentrado em produtos de origem animal, mas com participação relevante de cadeias vegetais e florestais ligadas ao extrativismo, conforme demostra a tabela a seguir.

Na proteína animal, os bovinos lideram as exportações com quase US$ 32 milhões, concentrando 38% do total anual e impressionantes 60% do valor exportado em outubro, quando o setor teve desempenho recorde no ano. As vendas de carne suína consolidam-se como segundo principal item do grupo animal, com US$ 13,8 milhões, reforçando a diversificação da proteína exportada pelo estado.
Na proteína vegetal, a soja foi o grande motor das exportações entre março e maio, acumulando US$ 20,6 milhões (24,6% do total do ano), mas praticamente desaparece em outubro, com apenas US$ 75 mil exportados no mês, confirmando forte sazonalidade. O milho, embora com baixo peso relativo, mantém participação residual e crescente, sugerindo possibilidade de ampliação futura do mix agrícola exportável.
Quanto aos produtos florestais, a castanha-do-brasil, com US$ 10,8 milhões, mantém-se como o principal item florestal, com boa regularidade ao longo do ano e mais de 11% das exportações em outubro. A madeira processada representa US$ 4,1 milhões no acumulado, com participação estabilizada em torno de 5% do total anual.
Os resultados da balança comercial acreana no acumulado de janeiro a outubro de 2025 consolidam um cenário de diversificação e fortalecimento das cadeias exportadoras do estado, com destaque para a retomada vigorosa do setor agropecuário e a consolidação da bioeconomia florestal. O expressivo superávit de US$ 80,16 milhões, aliado ao crescimento das exportações e à queda nas importações, revela um Acre mais competitivo no cenário externo, capaz de transformar sua base produtiva em divisas reais. A liderança da carne bovina no segundo semestre, somada ao impulso da soja no ciclo de março a maio e à estabilidade de produtos extrativistas como a castanha, demonstra a importância da sinergia entre produção agrícola, industrialização e manejo sustentável. Esse desempenho reforça o potencial do estado em avançar rumo a uma pauta exportadora cada vez mais robusta, integrada e alinhada às oportunidades do mercado global.
