Estudo avalia qualidade e produtividade do capim BRS Capiaçu em Porto Acre

Pesquisa conduzida por estudante de Engenharia Agronômica aponta que o corte aos 90 dias garante melhor equilíbrio entre produção e valor nutricional

Luiz Eduardo Souza

O acadêmico de Engenharia Agronômica Diogo Campos Antunes desenvolveu um projeto que analisou a produção e a composição bromatológica do capim BRS Capiaçu em diferentes idades de corte, em uma propriedade leiteira familiar localizada no km 13 do município de Porto Acre. O estudo buscou identificar o ponto ideal de colheita para garantir maior produtividade sem comprometer a qualidade nutricional do volumoso.

De acordo com Diogo, o BRS Capiaçu é uma variedade do capim-elefante, pertencente à família Poaceae, conhecida por sua alta produção de biomassa e adaptação às regiões florestais, o que o torna uma alternativa sustentável e economicamente viável para a pecuária acreana.

O experimento foi conduzido em um delineamento inteiramente casualizado, com cinco idades de corte — 60, 75, 90, 105 e 120 dias — e cinco repetições para cada fase. Entre as variáveis avaliadas estavam massa fresca, massa seca, número de perfilhos por planta, altura, proteína bruta, proteína digestível, fibras, lignina, cinzas e minerais como cálcio, potássio e fósforo.

Os resultados, submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey, mostraram diferenças significativas em quase todas as características, com exceção da matéria seca e da proteína bruta. “Aos 120 dias, observamos um aumento expressivo na altura e na biomassa, mas também maior teor de lignina, o que reduz a qualidade nutricional”, explicou o estudante.

O trabalho concluiu que o corte ideal ocorre aos 90 dias, quando o capim apresenta melhor equilíbrio entre produtividade e qualidade bromatológica, garantindo 32,63 toneladas por hectare e cerca de 27 toneladas de matéria seca. “Com o manejo adequado e cortes a cada 90 dias, um hectare de capiaçu pode alimentar de 30 a 40 vacas ao longo do ano”, destacou Diogo.

Entre os principais resultados médios obtidos estão 7,51 perfilhos por planta, 2,65 metros de altura, 8,27% de proteína bruta, 8,06% de proteína digestível, 59,79% de nutrientes digestíveis totais, 2,21 Mcal de energia metabolizável, 65,02% de fibra em detergente neutro (FDN), 41,07% de fibra em detergente ácido (FDA) e 6,91% de lignina.

Segundo o pesquisador, o sistema de produção avaliado é adequado tanto para a pecuária leiteira quanto para a de corte, oferecendo uma alternativa de alimentação de baixo custo e sustentável, especialmente durante o período seco. “O capiaçu é uma ferramenta essencial para o produtor que busca segurança alimentar para o rebanho o ano inteiro”, reforçou.

Diogo acrescenta que produtores interessados podem buscar informações sobre manejo e melhoramento de pastagens em eventos técnicos e congressos agropecuários, além de procurar orientação na Universidade Federal do Acre (Ufac). “Muitas vezes, os professores indicam alunos para realizar visitas técnicas, o que cria uma troca importante de conhecimento entre o meio acadêmico e o campo”, completou.

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