Alimentos “puxam pra baixo” a inflação em setembro, diz Ufac

Monitoramento da inflação feito por projeto de extensão da Ufac aponta que alimentos registraram deflação

Itaan Arruda

O projeto de extensão universitária “Monitoramento do IPCA Rio Branco 2025”, da Faculdade de Economia da Ufac, registrou a dinâmica da inflação no mês de setembro. A alta de 0,48% foi classificada pelo economista Rubicleis Gomes da Silva, que assina a análise, como “moderada”. Os alimentos tiveram deflação de 0,26% e contribuíram, negativamente, com 0,06 pontos percentuais para o IPCA. Dito de forma popular: os alimentos “puxaram pra baixo” a inflação aqui.

“Esta queda é amplamente atribuída a uma safra favorável de produtos in natura, com destaque para hortaliças e frutas, que se beneficiaram de condições climáticas ideais durante o período de colheita”, avalia o economista. “A estabilização dos custos de produção e uma menor pressão cambial sobre insumos importados também foram fatores cruciais para a redução nos preços dos alimentos processados, protegendo o poder de compra das famílias e moderando a inflação geral”.

No geral, o IPCA Amplo registrou alta de 0,48% em setembro de 2025. “Em um cenário de desafios macroeconômicos, o Estado do Acre, em particular Rio Branco, destaca-se com uma performance exemplar na contenção da inflação”, assegura.

Os custos relacionados à Habitação foram os que mais contribuíram para a alta da inflação. A variação foi de 2,97% e contribuiu com 0,45 pontos percentuais para o índice geral. Como a alta foi de 0,48%, esse ítem responde por quase a totalidade do desempenho inflacionário. Aluguel e energia elétrica foram os grandes vilões. No que se refere à energia elétrica, a bandeira tarifária vermelha Patamar 2 pode explicar o contexto de alta. Saúde e Cuidados pessoais responderam por uma contribuição de 0,02 pontos percentuais para a inflação de setembro no Acre.

“O índice geral mascara uma polarização entre setores: o choque inevitável da energia elétrica em Habitação versus o alívio provocado pela safra de alimentos. A persistência da inflação acima da meta nacional, apesar de alguns alívios setoriais, reitera a necessidade de uma vigilância contínua e políticas coordenadas”, analisa o professor. “O sucesso de Rio Branco em manter uma inflação controlada oferece insights valiosos sobre a resiliência regional. O futuro da inflação dependerá da capacidade do país em gerenciar choques externos, fortalecer a concorrência e alinhar as expectativas de preços a uma trajetória de estabilidade”.

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