Posseiros relatam caos institucional no conflito agrário no Seringal São Bernardo

Defensoria Pública lidera audiência com famílias que denunciam ameaças, invasões e falta de apoio institucional no Seringal São Bernardo.

Itaan Arruda
Defensoria Pública reúne posseiros do Seringal São Bernardo em audiência para discutir denúncias de ameaças e invasões.

A Defensoria Pública do Estado liderou uma audiência com as famílias dos posseiros do Seringal São Bernardo, região isolada da Transacreana. A área foi liberada pelo Imac para realização de manejo madeireiro desde o ano passado, quando os conflitos com os posseiros se intensificaram. A área está com manejo liberado até 2029.

Em toda região, havia cerca de 50 famílias. Pouco mais de 10 famílias não aceitaram o acordo proposto para saída da região. Foi a partir daí que as ameaças se intensificaram. A Comissão Pastoral da Terra e o Sindicato dos Trabalhadores Extrativistas e Assemelhados de Rio Branco participaram do encontro realizado na Escola Estadual Francisco Carneiro de Lima.

Pelos relatos, um dos trabalhadores não participou do encontro porque está isolado por motivo de segurança. No dia 11 de setembro, na última quinta-feira, segundo foi dito na audiência, a casa dele foi invadida. “Reviraram toda a casa”, relataram. Uma forma de pressão para que as famílias deixem o lugar.

Os posseiros denunciaram que foram à delegacia formalizar um Boletim de Ocorrência, mas não conseguiram. “Denunciaram que não conseguem registrar boletim de ocorrência contra o fazendeiro porque a delegacia se nega a registrar”, informa a ata da reunião. Outro problema relatado e já exposto na imprensa: o uso das forças de segurança (Bope) para amedrontar os moradores. O grupo disse que não conseguiu formalizar denúncia na Corregedoria da PM, mas não ficou claro o motivo de não terem conseguido.

Os moradores denunciam que as estradas para retirada da madeira estão derrubando árvores importantes para a renda das famílias como castanheiras e seringueiras. Os trabalhadores se ressentem da falta de apoio de entidades que, tradicionalmente, são parceiras nesse tipo de problemas como a Fetacre e a CUT.

“Nós vamos levar essas denúncias a todas as autoridades e vamos buscar a forma mais rápida possível de ajudar essa comunidade”, afirmou Jozimar Ferreira do Nascimento, o “Josa”, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Extrativistas e Assemelhados.

Compartilhar esta notícia
Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *