Tarifaço de Trump derruba exportações e atinge mercado madeireiro acreano

Sobretaxa norte-americana zera exportações do Acre em agosto e ameaça cadeias produtivas ligadas ao agronegócio e ao manejo florestal.

Luiz Eduardo Souza
Acre amplia exportações de carne bovina, soja e castanha em 2025

O primeiro mês de vigência das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já trouxe reflexos pesados para as exportações brasileiras. Levantamento da balança comercial de agosto aponta que 21 das 27 unidades da federação, incluindo o Distrito Federal, reduziram as vendas para o mercado norte-americano em relação a julho. No Acre, os efeitos foram imediatos e colocaram o estado no topo do ranking das perdas proporcionais.

Em julho, os embarques acreanos somaram pouco mais de US$ 74 mil, com destaque para madeira e carvão vegetal. Um mês depois, os números despencaram para zero, resultado direto da nova sobretaxa. Essa paralisação das exportações preocupa o setor produtivo, já que o mercado internacional, em especial os Estados Unidos, vinha sendo uma das alternativas para escoar parte da produção do estado.

O impacto é ainda mais sensível porque atinge diretamente o agronegócio local. A madeira legalizada e o carvão vegetal derivados do manejo florestal são fontes importantes de renda para produtores da região, que agora perdem competitividade diante da barreira tarifária. Especialistas alertam que, sem a abertura de novos mercados ou medidas de compensação, o prejuízo pode desestimular investimentos e comprometer a renda de agricultores e extrativistas que dependem dessa cadeia.

Se no Acre a queda foi proporcionalmente a mais drástica, em outras regiões o efeito também foi severo. Alagoas, por exemplo, praticamente zerou suas vendas de açúcar para os EUA, um dos principais produtos da pauta local. Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí também registraram perdas significativas, que variaram de 69% a 80% em apenas 30 dias.

Já em valores absolutos, São Paulo foi quem mais sentiu o impacto. As exportações do estado recuaram de US$ 1,39 bilhão em julho para menos de US$ 960 milhões em agosto, uma redução superior a US$ 400 milhões. Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Ceará também aparecem entre os maiores recuos.

Entre os produtos mais prejudicados pelo tarifaço estão o minério de ferro, o açúcar – que sofreu queda de quase 90% –, além de aeronaves e máquinas industriais. No caso do Acre, a perda se concentra nos derivados do setor florestal, mostrando como medidas externas podem desestruturar cadeias produtivas inteiras em estados com menor diversificação econômica.

Com informações do Portal UOL

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