Seleção de estados para comércio de carne põe em xeque status sanitário unificado

Tratativas do Japão priorizam comércio da carne com estados do Sul. Estado do Pará cobrou inclusão em negociações com o Japão e pode abrir precedente

Itaan Arruda
Exportação de carne bovina segue como tema central das negociações entre o Brasil e o Japão.

A abertura do mercado japonês à carne bovina do Brasil encontra o primeiro desafio a ser superado. Em junho, ao conferir o diploma de Área Livre de Aftosa Sem Vacinação ao Brasil, a Organização Mundial de Saúde Animal deu uniformidade ao status sanitário a todos os estados do país. Essa condição nova traz dificuldade para justificar a prioridade que está sendo aventada aos estados do Sul para o comércio de carne com o Japão.

Anteriormente à diplomação, apenas Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rondônia e Acre tinham o status de Área Livre de Aftosa Sem Vacinação. Do ponto de vista sanitário, a classificação sanitária é a mesma. 

No caso atual, se for levada em conta até mesmo a questão geográfica, o Acre e Rondônia passam a ter vantagens comparativas em relação aos demais, com a entrada em operação do Porto de Chancay.

O Estado do Pará saiu na frente na contestação desse “contencioso interno”, relacionado à restrição de habilitação para exportar carne bovina para o Japão. Ontem (22), entidades que representam o segmento pecuário no estado cobraram a inclusão da carne paraense nas negociações com as empresas japonesas.

A União Nacional da Indústria e Empresas da Carne (Uniec), a Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Pará (Fetraf-PA), Sindicato das Indústrias de Carne do Pará (Sindicarne-PA), Associação dos Criadores de Pará (Acripará) e Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) enviaram um documento ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, no último dia 4 de agosto formalizando a contestação.

As entidades questionam a prioridade que está sendo dada “a alguns estados”. A Federação da Agricultura e Pecuária do Acre ainda não se pronunciou sobre o problema.

O presidente da Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex), Jorge Viana, confirmou que as negociações para que o Acre entre no radar do Japão estão acontecendo. Além do Japão, a Apex tem feito articulações para viabilizar exportação de carne bovina e suína para o Japão, Chile e México.

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