Agora é oficial. A Peixes da Amazônia faliu. A decisão do juiz de Direito titular da Vara Cível da Comarca de Senador Guiomard, Romário Divino, finaliza um longo processo. O projeto da Parceria Público Privada (PPP) que custou aos cofres do Governo do Acre e de 18 empresários locais R$ 68 milhões vai a leilão com lance mínimo de R$ 19 milhões. Uma bagatela. Preço de peixe no fim de feira.
O Complexo de Piscicultura é composto por um frigorífico, um centro de alevinagem e uma fábrica de ração. Essa estrutura, atualmente, não poderia ser adquirida por menos de R$ 140 milhões.
A Agência de Negócios do Acre (Anac) é o braço estatal no empreendimento. Na prática, o Governo do Acre estava presente também na Central de Cooperativas de Piscicultores do Acre. A ideia inicial era fazer com que o Estado induzisse o fortalecimento da cadeia produtiva do peixe na região, com participação do capital privado e com a integração dos produtores de base familiar. A Central de Cooperativas de Piscicultores representava “o pequeno” no projeto.

Em síntese, a ideia central do projeto era essa: o Estado induzindo, o capital privado estruturando a garantindo a manutenção e a Central de Cooperativas garantindo o insumo básico: o peixe. Em linhas gerais era isso.
O presidente Lula veio ao Complexo de Piscicultura duas vezes. A primeira foi em agosto de 2013 para a inauguração do Centro de Alevinagem (veja vídeo) e outra em maio de 2015 para conhecer o frigorífico. Nesta ocasião, estava presente também o então presidente da Bolívia, Evo Morales, que veio conhecer a experiência com a intenção de aplicar também do outro lado da fronteira.
Mas, em março de 2019, passaram o cadeado no portão da Peixes da Amazônia. Fechava-se também 257 possibilidades de trabalho. Eram 257 trabalhadores diretos que atuavam nas três unidades do Complexo de Piscicultura.
“Chegamos a esse ponto, lamentavelmente”, afirmou, em tom melancólico, Assuero Veronez, ele próprio um dos investidores privados. “Por má gestão, mau planejamento também e aí me assusta a autoria do Plano de Negócios da FGV. Os dezoito empresários foram muito estimulados pelo Governo do Estado. Fizeram seus investimentos vultosos na construção desse complexo de criação de peixes”.
De 2019 até o momento, não havia solução possível fora do espectro político. O governo de Gladson Cameli nunca colocou a Peixes da Amazônia na agenda pública. A chegada de Jorge Viana na Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos alimentou alguma esperança de que um investidor externo pudesse encarar o desafio. “Você acha que eu não estou tentando?”, perguntou Jorge Viana, quando indagado no programa de entrevista agro24cast, sobre a possibilidade de alguém voltar a investir no projeto.
O senador Sérgio Petecão é outra liderança política com capilaridade junto ao Ministério da Pesca, e também junto ao Ministério da Agricultura, que estão sob o comando do PSD, partido de Petecão.