Em 2025, fêmeas estão sumindo dos pastos acreanos

De janeiro a julho deste ano, o abate de fêmeas foi superior em todos os meses

Itaan Arruda

De janeiro a julho de 2025, o produtor de carne do Acre tem levado ao brete dos frigoríficos mais fêmeas do que machos. Em todos os sete meses monitorados pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), os abates de vacas foram superiores aos de boi.

Os números foram apresentados pelo pesquisador da Embrapa Judson Valentim, na Análise do Fluxo de Produção, Abate e Comercialização de Bovinos no Acre, como parte dos trabalhos do Fórum Empresarial de Desenvolvimento e Inovação. Os dados são monitorados e compilados pelo Idaf.

No mesmo período do ano passado, houve oscilação no maior ou menor volume de abate de fêmeas. Dos primeiros sete meses de 2024 analisados, em três o abate de machos foi maior. Em 2025, foi diferente. O abate de fêmeas foi superior em todos os meses.

Dois fatores se destacam na explicação desse fenômeno periódico. O mais lembrado é o preço da arroba. É um fator grave de pressão sobre o abate de fêmeas. Com a carne valendo menos no mercado regional, não faz sentido manter fêmeas procriando no pasto, aumentando os custos de produção.

O segundo fator é a capacidade de suporte da pastagem nas propriedades rurais. Mais fêmeas no pasto, aumenta-se a possibilidade de maior densidade. “Poucos sobrevivem à ilusão de que o bom é ter muito gado. O bom é ter uma lotação ajustada à disponibilidade de capim, sobretudo na seca”, ensina o professor da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Acre e ex-secretário de Estado de Agropecuária, Mauro Ribeiro.

Analisando os números do Fórum Empresarial, o professor Mauro Ribeiro avalia que a cadeia produtiva da carne no Acre melhorou de qualidade. “Acho que esses números já trazem embutidos a melhora dos sistemas de manejo e produção, com mais tecnologia incorporada, vide a quantidade de produtores iniciando seus trabalhos com semi confinamento”, afirmou o professor, ele próprio um pecuarista.

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