Zé Adriano defende conclusão de obras rodoviárias antes de discutir ferrovia

O deputado federal e presidente da FIEAC, Zé Adriano, afirmou que o Acre ainda precisa consolidar seu atual modal de transporte: as rodovias

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Foto: Jardy Lopes

O deputado federal e presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC), Zé Adriano, participou neste domingo (27) da bancada de entrevistas do ac24horas, no estande do portal dentro da Expoacre, no Parque de Exposições Wildy Viana, em Rio Branco.

O deputado federal e presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC), Zé Adriano, comentou neste domingo (27), durante entrevista no estande do ac24horas na Expoacre, a ameaça de um novo tarifaço por parte dos Estados Unidos contra produtos brasileiros. A possível taxação, segundo ele, preocupa o setor empresarial e exige maturidade diplomática entre os dois países.

“Difícil mesmo será a partir do dia 1º de agosto. Existe um ponto aí: o Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, havia anunciado uma taxa de 50% para todos os produtos brasileiros. Eu queria justamente que você se posicionasse a respeito disso — se você teme, se acha que a diplomacia vai vencer, se vai haver uma conversa, ou se não está esperançoso com a situação”, disse o entrevistador.

Adriano respondeu destacando a complexidade do cenário: “Como empresário, a gente vive sempre o desafio de um dia atrás do outro. E agora, como parlamentar e empresário, quero levar para todos a esperança de que temos uma diplomacia muito competente. Acontece que, para haver uma conversa, é preciso que os dois lados estejam dispostos a dialogar”.

Segundo o parlamentar, Trump já havia tentado impor medidas semelhantes durante seu primeiro mandato, mas teve as intenções interrompidas pela pandemia da Covid-19. “Agora, no segundo mandato dele, volta com as mesmas propostas, dentro de um formato muito agressivo, porque ele é um especulador nato, um jogador nato. Mas sabemos que existe dependência dos dois lados”, afirmou.

Adriano relatou que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) já percebe movimentação de compradores norte-americanos, pressionando fornecedores brasileiros diante da possível sobretaxa. Ele reforçou que o impacto atinge direta e indiretamente o Acre. “A inflação vive também de uma expectativa. Alguns produtos brasileiros de interesse dos Estados Unidos estão sob risco de sobretaxa a partir de 1º de agosto, e isso traz muita ansiedade. O empresário precisa de previsibilidade”, declarou.

Foto: Jardy Lopes

Para ele, a diplomacia precisa agir rapidamente: “Esperamos que, de forma direta, a diplomacia consiga trazer algum tipo de informação que permita ao empresário se posicionar no mercado depois do dia 1º de agosto com as mesmas condições”.

Adriano mencionou ainda que Trump tem tratado o tema com outros blocos econômicos: “Ele tem discutido essa proposta de taxa com parceiros do mundo, recentemente com a União Europeia. Vemos que o Brasil está entre as prioridades, mas tudo depende de muita maturidade”.

“Há uma contaminação ideológica”, alerta o deputado

O deputado concluiu alertando para os riscos de uma abordagem ideológica nesse cenário: “O que nos preocupa nesse momento é que há uma contaminação de uma proposta ideológica, e isso não ajuda em nada. O empresariado precisa ser muito responsável com o seu próprio negócio, com aquilo que investiu. É preciso separar isso e entender, inclusive com a informação dos próprios produtos, como contribuir para esse diálogo”.

O deputado federal e presidente da FIEAC, Zé Adriano, afirmou que o Acre ainda precisa consolidar seu atual modal de transporte — as rodovias — antes de iniciar discussões mais avançadas sobre a construção de ferrovias no estado. “Bom, primeiro é que a gente precisa consolidar o modal de transporte atual, que é a rodovia. Nós temos ainda um gargalo. Estive esta semana no DNIT pedindo uma atenção maior para a contratação e retomada da obra do anel viário de Brasileia e Epitaciolândia. Não dá para a gente começar a pensar em ferrovia se a gente sequer consegue concluir a parte que já está praticamente 80% pronta”, disse o parlamentar.

Adriano afirmou que, com a finalização do trecho, o corredor logístico com o município de Assis Brasil poderá finalmente ter condições adequadas de trafegabilidade. Ele defendeu que, a partir daí, será possível atrair investimentos e melhorias em infraestrutura associada à BR-317. “Ainda não é o ideal, mas, na medida em que isso for consolidado, Martão, vamos ter vários investimentos em infraestrutura e serviços acessórios a essa BR. Vamos ter outras instituições e interesses envolvidos, como é o caso do porto em Cobija. Teremos uma alfândega muito mais aparelhada, uma relação comercial com o Peru muito mais forte, sinal de internet… Tudo isso vai se consolidando ao longo do tempo”, pontuou.

Estudos para ferrovia dependem de avanços legais e ambientais

Sobre a ferrovia, Zé Adriano foi cauteloso, destacando que a implantação desse tipo de modal exige um processo técnico e legal demorado.

“Agora, falar de ferrovia… Eu tenho dito para algumas pessoas: iniciou-se um processo de estudo, mas ele não é para amanhã. Leva muito tempo para você ter esse estudo concluído com todas as informações necessárias. Por exemplo, a legislação ambiental é sempre um gargalo a ser discutido”, explicou.

O deputado citou a recente aprovação de uma nova lei ambiental no Congresso, mas que ainda aguarda decisão do governo federal quanto à sanção ou veto. “Essa é uma briga que não interessa ao setor produtivo. A gente gostaria de já ter a segurança de que a legislação ambiental aprovada seria sancionada. Eu votei a favor, porque conheço as dificuldades de se trabalhar neste estado e de empreender na Amazônia. Já era para o governo brasileiro ter tomado uma posição e ter tido a coragem de sancionar”, disse.

Segundo Adriano, caso o novo marco legal ambiental seja validado, será possível acelerar projetos estratégicos como o da ferrovia:

“Se isso viesse a acontecer, já teríamos condições de discutir a construção de uma ferrovia de forma muito mais rápida. Dentro dessa nova legislação, já está prevista uma forma mais prática e rápida para construção de ferrovias e obras estratégicas, incluindo a liberação ambiental”.

Durante a conversa, o parlamentar comentou sobre as dificuldades nas obras de recuperação da BR-364 e explicou que o atraso se deve a entraves orçamentários e operacionais do governo federal.

Foto: Jardy Lopes

“Eu tenho dito que o cargo de deputado federal, sendo ao mesmo tempo, trabalhado como presidente da federação, me deixa numa situação muito angustiante, Marcão. Mas, naquele dia lá, a gente já estava acompanhando há muito tempo várias informações que têm chegado para a gente no mandato. Nós somos da área, a gente conhece a execução de uma BR, sabe da dificuldade, e o que nos preocupou foi o atraso”, disse.

Adriano afirmou que não está defendendo nenhuma das partes envolvidas, mas que há desinformação sendo repassada à população sobre os motivos dos prejuízos nas rodovias.

“A gente só tem visto a população receber uma desinformação de que o prejuízo causado ali foi por conta das empresas. Na verdade, as empresas — é bom que a população entenda — só executam um projeto que já vem pronto. A licitação acontece todo ano do mesmo formato. O DNIT defende um projeto, vai lá, pede recurso e licita esse projeto. A empresa não tem condição de alterar o plano de trabalho. Na execução, ela é fiscalizada por uma empresa especializada, contratada pelo governo federal, que atua de forma objetiva, ponto a ponto”, explicou.

Segundo o deputado, a medição dos serviços é um processo complexo e muitas empresas ainda estão com pagamentos em atraso referentes a contratos anteriores. Ele também comentou a ausência de frentes de trabalho visíveis nas rodovias. “Por que você não viu empresas nesse momento? Porque o orçamento da União foi votado apenas em março. Até essa execução começar, já perdemos três meses”, justificou.

Adriano lembrou que assumiu o mandato com seis meses de atraso e que o trabalho efetivo começou apenas no final de março, após a aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA). “A legislação não permite que se licite nenhum contrato sem a garantia do orçamento. E essa garantia só se deu — o empenho, como a gente chama — a partir da votação da LOA, que foi em março. Então, tivemos abril e maio nesse processo. Ainda não finalizou, e eu estou falando apenas da primeira parte”.

(Texto de Saimo Martins, extraído do site ac24horas)

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