Censo 2022 mostra que mais de 24 mil pessoas vivem em unidades de conservação no Acre

Técnico do IBGE detalha metodologia e destaca importância do recorte para políticas públicas voltadas a populações tradicionais

Luiz Eduardo Souza

O técnico do IBGE, Fernando Damasco, apresentou nesta sexta-feira (11), durante evento na Universidade Federal do Acre (UFAC), os dados do Censo 2022 sobre a população residente em unidades de conservação (UCs). Segundo o levantamento, o Brasil tem 11,8 milhões de pessoas vivendo dentro dessas áreas — o equivalente a 5,82% da população do país. No Acre, esse número é de 24.394 pessoas.

Pela primeira vez, o Censo Demográfico incluiu esse recorte populacional, com base em informações georreferenciadas do Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC), mantido pelo Ministério do Meio Ambiente. Ao todo, foram consideradas 2.365 UCs, com 1.138 delas apresentando população residente, espalhadas por 1.375 municípios.

Fernando explicou que as unidades de conservação são divididas em dois grandes grupos:

  • Proteção Integral, voltadas à preservação da natureza e que, em geral, não permitem ocupação humana, como parques, reservas biológicas e estações ecológicas.
  • Uso Sustentável, que permitem a presença de populações tradicionais e visam conciliar conservação ambiental com o uso racional dos recursos naturais. Nesse grupo estão áreas de proteção ambiental (APAs), reservas extrativistas (Resex), florestas nacionais e reservas de desenvolvimento sustentável (RDS).

“O maior percentual da população residente se encontra em unidades de uso sustentável, justamente por permitirem a permanência de comunidades tradicionais que manejam os recursos naturais de forma sustentável”, explicou o técnico.

No país, a esfera estadual administra 66,4% da população residente em UCs, enquanto a federal é responsável por 20,8% e a municipal, por 10,9%. No Acre, as reservas extrativistas concentram boa parte da população dessas áreas, refletindo a tradição do uso comunitário dos recursos da floresta.

Fernando também destacou limitações dos dados, como sobreposições entre diferentes categorias de UCs e a presença de populações em áreas que, embora legalmente restritas, ainda mantêm comunidades por conta de processos históricos de ocupação ou por estarem em fase de regularização.

Além disso, dos 11,8 milhões de habitantes dessas áreas, 78,7% vivem em situação urbana e 21,2% em áreas rurais — proporção significativamente diferente da média nacional, que é de 87% urbana e 12,5% rural.

O Distrito Federal e o Maranhão lideram em termos proporcionais de população residente em UCs, com destaque também para estados como Bahia, Pará e Amazonas. O Acre aparece com 24 mil habitantes nessas áreas, o que evidencia a relevância do tema para políticas públicas no estado.

“Esse levantamento é fundamental para dar visibilidade às populações tradicionais que vivem e atuam dentro das unidades de conservação. Elas estão engajadas em processos de uso sustentável e proteção ambiental, e precisam ser consideradas nas políticas públicas”, concluiu Fernando.

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