Alta histórica do cacau pesa no bolso do consumidor brasileiro

Quebra de safra na África e escassez global elevam preços do chocolate no Brasil e provocam mudanças no consumo, com preferência por produtos mais sofisticados.

Luiz Eduardo Souza
Cacau do tipo Amelonado é o mais cultivado no Brasil e tem aroma suave; árvore pode produzir por até um século

A crise global do cacau, agravada por quebras de safra em países da África Ocidental, especialmente em Gana, onde 81% das plantações foram atingidas por uma virose, tem refletido diretamente nos preços dos chocolates no Brasil. Entre junho de 2024 e janeiro de 2025, os preços médios das barras e bombons atingiram picos acima de R$ 113. Apesar de uma leve queda nos bombons nos meses seguintes, as barras voltaram a subir em abril, impulsionadas pela escassez da matéria-prima e pelo maior valor do cacau em 50 anos.

Diante da alta, o comportamento de compra do brasileiro passou por mudanças. Os consumidores têm priorizado bombons e chocolates mais sofisticados, que oferecem uma experiência de consumo diferenciada, mesmo com o preço elevado. Em maio, bombons e chocolates recheados representaram 67,3% das compras, enquanto as tradicionais barras perderam espaço, indicando uma preferência por produtos considerados mais indulgentes.

Também houve alteração no perfil de consumo para uso culinário. O chocolate em pó perdeu participação, caindo de 84,7% para 79% entre janeiro e maio de 2025. Em contrapartida, o cacau em pó, menos processado e considerado mais puro, cresceu para 21,5%, mesmo com aumento de preço de 6,2%, chegando a R$ 94,34 o quilo. A alta histórica do cacau segue impactando o mercado, forçando o consumidor a adaptar suas escolhas diante de um cenário de escassez e preços elevados.

Assuntos Relacionados
Compartilhar esta notícia
Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *