A abertura de novas áreas para a agricultura ou pastagens é feita sem uso de fogo. Alguns produtores estão usando venenos. A novidade não está restrita apenas à Capital. Já é percebido o uso em praticamente todo o Acre. A aplicação, que antes era feita com tratores, agora ganha um novo aliado: os drones.
Na Capital, a região da Transacreana é um dos lugares onde o problema é mais visível. No Km 45 da Estrada Transacreana, no Ramal do Noca, é o exemplo mais claro. A vegetação fica completamente amarelada. A floresta que havia vai desaparecendo. A ideia é não chamar atenção por meio do uso do fogo, mas intensificar o uso de venenos.
“E isso vai parar onde? Vai parar nos igarapés. Está contaminando a água”, denuncia o presidente do Sindicatos dos Trabalhadores Extrativistas e Assemelhados (Sinpasa), Josimar Ferreira do Nascimento, o “Josa”. “Esse igarapé, despeja no Riozinho do Rôla e o Riozinho despeja no Rio Acre. Então é uma série de contaminação que pode estar fazendo mal à vida das pessoas”.
O dirigente do Sinpasa não soube precisar qual o tipo de veneno com essa força para inviabilizar áreas inteiras. “Isso está fora de controle”, alerta Josa. “No Ramal Nova Olinda o problema está presente. Onde tem árvores, capoeira. Como não pode queimar, eles estão botando veneno. Mete o veneno para poder desmatar”.
É preciso ressaltar, no entanto, que o uso de agrotóxicos é regulamentado. Mas é necessário obedecer uma série de regras e procedimentos.
Para tratar sobre o problema, a ac24agro procurou o Imac no fim da tarde de ontem (26). Boa parte dos técnicos já não estava no órgão. A assessoria informou que “vai verificar se recebeu alguma denúncia formal acerca do ocorrido e que vai se posicionar posteriormente”.
Apicultores contabilizam prejuízos com uso de venenos para abertura de novas áreas
O apicultor Anselmo Forneck tem apiários em diferentes regiões da área rural de Rio Branco. E ele confirma que o problema é mais grave na Transacreana. “Onde eu mais tenho perdido apiário é na Transacreana”, relata. “Ali na região do quilômetro três, em frente da serraria, onde tinha a Granja Bela Vista e também na Estrada do Amapá. Ano passado, perdi oito colméias”, lamentou. “Eu perdi sessenta por cento das minhas colméias nos últimos três anos”. Tudo em função do uso de venenos, aparentemente de forma descontrolada, pelos vizinhos.
Outro apicultor que se assustou com o uso dos venenos por parte do vizinho que queria abrir uma área para plantar soja e milho foi Manoel Ezimar. “Foi só uma vez que eles fizeram isso porque eles desistiram da plantação de soja e milho porque a área dele não deu certo porque era muito encharcado”, afirmou. Ezimar mora no Projeto de Assentamento Benfica, no Ramal Piçarreira.
As abelhas são uma referência importante para medir a gravidade do problema.