Preço do café recua e produtores do Acre têm problemas na comercialização

Queda nas cotações internacionais reflete safra abundante no Brasil, enquanto cafeicultores acreanos enfrentam desafios logísticos e de mercado para valorizar a produção local.

Luiz Eduardo Souza

As cotações do café apresentaram leve recuo nesta semana nos mercados nacional e internacional, refletindo a pressão de uma safra brasileira robusta e o avanço da colheita em estados tradicionais como Minas Gerais e Espírito Santo. No Acre, onde a cafeicultura ainda é considerada emergente e voltada sobretudo à agricultura familiar, o cenário segue desafiador, com baixa escala de produção e dificuldade para acesso a mercados com melhor remuneração.

Na Bolsa de Nova York (ICE), os contratos futuros de café arábica para julho de 2025 fecharam em torno de US$ 340 por libra-peso, com queda de 1% em relação ao dia anterior. No mercado nacional, o contrato para o mesmo período na B3 está cotado a US$ 435,70 por saca de 60 quilos, também em queda de cerca de 0,85%.

Já no mercado físico brasileiro, os preços pagos ao produtor seguem entre R$ 2.160 e R$ 2.320 por saca, a depender da região. Em municípios como Guaxupé e Poços de Caldas (MG), referência na comercialização, as cotações tiveram retração de até 0,9%.

Produção no Acre

Embora não esteja entre os grandes produtores, o Acre tem avançado na implantação de áreas experimentais e lavouras familiares de café, especialmente nas regiões de Cruzeiro do Sul, Tarauacá e Sena Madureira. A cultura ainda é tímida se comparada a outras cadeias produtivas do estado, como banana, mandioca e gado, mas representa uma aposta de diversificação para pequenos produtores.

A principal dificuldade relatada por agricultores acreanos está na logística de escoamento e na ausência de compradores locais com capacidade de pagar preços competitivos, o que faz com que muitos produtores optem por vender para atravessadores a valores bem abaixo das cotações médias nacionais.

Além disso, a falta de estrutura para beneficiamento e armazenamento da produção limita a agregação de valor ao produto regional, fazendo com que o café acreano, mesmo quando de boa qualidade, chegue ao mercado com pouco destaque.

Perspectiva

Com a safra brasileira caminhando para um bom desempenho em 2025, especialistas indicam que os preços do café podem continuar pressionados nos próximos meses. Para os produtores do Acre, o cenário exige atenção redobrada ao planejamento da produção, incentivo à formação de cooperativas, apoio técnico e políticas públicas voltadas à comercialização.

Em um momento em que o mundo busca cafés de origem e produção sustentável, o Acre pode encontrar espaço nesse nicho — desde que consiga superar os gargalos estruturais que ainda limitam a cadeia produtiva no estado.

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