Por que o ICMBio abate o gado apreendido na Suçuarana?

ICMBio sustenta amparo legal para abate de gado apreendido em operação e diferencia ação de destruição de máquinas em garimpos ilegais.

Itaan Arruda

Os pequenos pecuaristas da região de Xapuri que foram alvos da Operação Suçuarana, do ICMBio, terão o gado abatido. A qual lógica o instituto obedece? Existe amparo legal para essa conduta? Qual a diferença entre a destinação do gado apreendido e os tratores, caminhões incendiados e dragas explodidas em regiões de garimpo, por exemplo?

Gado apreendido X tratores, caminhões e dragas explodidas

São situações distintas. Os tratores, caminhões, dragas ilegais ou qualquer bem utilizado para realizar infração ambiental podem ter diversas destinações. Cada caso precisa ser avaliado separadamente. Em regiões de garimpo, geralmente isoladas e de difícil logística, é, praticamente, impossível de remover os bens utilizados para cometer os crimes. A justificativa do ICMBio, Ibama, Polícia Federal é baseada no seguinte raciocínio. “Como não há ninguém de confiança para atuar como fiel depositário, então, esse bem  para que ele não continue à serviço da infração ambiental, então ele é destruído no local”, explica o assessor de Imprensa do ICMBio, Leandro Eiró.

Amparo legal

Existe amparo legal para a conduta. É a Lei de Crimes Ambientais. O decreto que sustenta a destruição dos bens para a prática dos crimes ambientais é o decreto 6.514 de 2008.

Diferença com o gado

Com o gado, o entendimento é diferente. “Com o gado, a destinação é diferente”, explica o assessor do ICMBio. A destinação, entendo o ICMBio, é um recurso disponível para que o bem que esteja associado à infração ambiental não esteja mais à disposição do infrator. “E é isso o que está acontecendo aqui nessa operação. O gado não está sendo destruído. Ele está sendo destinado, inclusive com apoio de outras instituições para que seja feito dentro da legalidade”, afirma Leandro Eiró, do ICMBio.

Idaf explica ação junto à Operação Suçuarana

Inicialmente, é importante destacar que, em decorrência de uma ação judicial, o IDAF assinou um Termo de Cooperação Técnica com o ICMBio. A partir desse acordo, o Instituto assumiu atribuições obrigatórias, entre as quais se incluem o acompanhamento das ações de fiscalização do ICMBio que envolvam questões sanitárias de competência do IDAF. Isso compreende:

  • Emissão de laudos sanitários dos rebanhos apreendidos;
  • Vacinação assistida dos animais;
  • Emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA), documento obrigatório para qualquer movimentação de animais.

Entretanto, não é atribuição do IDAF a guarda ou a destinação dos animais apreendidos. A negociação com frigoríficos e demais agroindústrias, bem como a definição do destino dos animais (inclusive doações), é de responsabilidade exclusiva do ICMBio.

É fundamental que se compreenda claramente a competência institucional do IDAF neste contexto. Não cabe ao Instituto manifestar opinião sobre a ação conduzida pelo ICMBio, pois aspectos ambientais, fundiários ou relativos à titularidade da terra estão fora do nosso escopo. Essas questões são de responsabilidade de outros órgãos competentes. O IDAF atua exclusivamente na defesa sanitária animal e vegetal, com a missão de proteger a produção pecuária e agrícola, funcionando como uma barreira sanitária essencial para evitar a disseminação de doenças que possam afetar a saúde humana e comprometer o patrimônio agropecuário estadual e nacional.

Ainda assim, nossa participação nas ações é necessária para assegurar que os animais apreendidos pelo ICMBio tenham uma destinação adequada, evitando:

O abate de animais que não estejam em condições sanitárias apropriadas;

Práticas que comprometam o bem-estar animal;

Sacrifícios indevidos, os quais somente devem ocorrer mediante laudo técnico rigorosamente fundamentado e em casos extremos, ou por determinação judicial — sempre resguardando a responsabilidade dos nossos técnicos.

Ressaltamos que, conforme informado pela equipe do ICMBio, não há intenção de se chegar a esse tipo de medida extrema. O órgão busca cumprir a ordem judicial de maneira técnica e responsável.

Por fim, reforçamos que muitas informações relacionadas à operação são sigilosas e de competência exclusiva do ICMBio, sendo de conhecimento restrito à equipe técnica que acompanha a ação em campo.

Estamos comprometidos em cumprir nossa função legal e institucional com responsabilidade e zelo, colaborando, dentro dos limites de nossa atribuição, para que a ação transcorra da melhor forma possível.

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