A capital acreana alcançou um marco econômico significativo em maio de 2025 ao registrar inflação zero (IPCA 0,00%), posicionando-se como a capital com a menor variação de preços em todo o Brasil no período. Este resultado reflete um equilíbrio complexo entre pressões de alta em determinados setores e quedas expressivas em outros, conforme aponta estudo do Projeto de Extensão: Monitoramento do IPCA Rio Branco 2025, da Universidade Federal do Acre.
A análise detalhada revela que, apesar da estabilidade geral, persistem pressões inflacionárias subjacentes, indicando um cenário que demanda acompanhamento contínuo. Conhecendo a inflação: Desaceleração Nacional e Destaque Acreano Maio de 2025 marcou uma desaceleração da inflação em nível nacional, com o IPCA Brasil caindo de 0,43% em abril para 0,26%. Neste contexto, Rio Branco se destacou com a maior redução absoluta entre as capitais (-0,55 ponto percentual), atingindo a inflação zero. Historicamente, o IPCA de Rio Branco tem demonstrado uma forte correlação com o índice nacional, acompanhando suas tendências de alta e baixa, e inclusive superando o IPCA Brasil durante picos inflacionários em 2021 e 2022. Nos últimos meses, observa-se uma convergência, com a inflação local demonstrando forte sincronia com as dinâmicas nacionais, embora com particularidades regionais importantes que levaram a este resultado singular em maio.
Inflação em Rio Branco: Detalhes de um Cenário de Estabilidade
Considerações Gerais sobre os Grupos de Despesa
A estabilidade de preços em Rio Branco, com o IPCA em 0,00%, foi resultado de forças opostas entre os principais grupos de despesa. O grupo Habitação exerceu a maior pressão inflacionária, com alta de 0,88% e impacto de +0,11 ponto percentual (p.p.) no índice geral. Em contrapartida, os grupos Transportes (-0,43%, impacto de -0,10 p.p.) e Alimentação e Bebidas (-0,21%, impacto de -0,05 p.p.) foram os principais responsáveis por puxar a inflação para baixo, compensando as altas e resultando na variação nula do índice geral. Outros grupos, como Artigos de residência e Educação, tiveram impacto quase nulo, reforçando a ideia de um equilíbrio setorial.
Os Dez Maiores e Menores Impactos no IPCA de Rio Branco
Analisando os subitens que compõem o IPCA de Rio Branco, a Energia elétrica residencial se destacou como o principal vetor de alta, contribuindo com +0,08 p.p. para o índice, reflexo da vigência da bandeira tarifária amarela. O Contrafilé também pressionou a inflação, com impacto de +0,03 p.p., influenciado por custos logísticos e questões na cadeia de suprimentos. Do lado das quedas, o Arroz foi o subitem com maior impacto negativo (-0,07 p.p.), beneficiado pela entrada da nova safra, maior oferta e redução nos custos de transporte fluvial. Outros itens com impacto negativo relevante (-0,04 p.p. cada) foram Ovo de galinha, Passagem aérea, Automóvel usado e Automóvel novo, este último influenciado por incentivos fiscais e promoções.
Índice de Difusão da Inflação (IDI) Revela Concentração
O Índice de Difusão da Inflação (IDI) em Rio Branco ficou em 56,78% em maio. Isso significa que, embora mais da metade (56,8%) dos itens da cesta de consumo tenham registrado aumento de preços, essas altas foram compensadas por quedas em outros produtos, resultando na inflação zero. Houve uma redução de 9,05 pontos percentuais no IDI em relação a abril (65,83%), indicando uma menor disseminação das pressões inflacionárias. Esse comportamento sugere que os choques de preços foram mais localizados, e não generalizados pela economia.
Núcleos da Inflação: Pressões Subjacentes Persistem
Apesar da estabilidade do IPCA geral, os núcleos da inflação, que buscam capturar a tendência dos preços expurgando itens mais voláteis, apresentaram variações positivas em Rio Branco. O IPCA-EX1 (que exclui itens voláteis) ficou em 0,11%, o IPCA-EX2 (que remove preços administrados e sazonais) em 0,23%, e o IPCA-EX3 (que usa metodologias estatísticas para eliminar outliers) em 0,22%. Embora tenham desacelerado significativamente em relação a abril, a persistˆencia de valores positivos nos núcleos sinaliza que ainda existem pressões inflacionárias estruturais na economia local, mesmo com a estabilidade observada no índice cheio.