Mesmo em um cenário de juros elevados e eventos climáticos extremos, a Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) encerra 2025 com avanços considerados estratégicos para o agronegócio brasileiro, puxados pelo Plano Safra 2025/2026, que colocou R$ 516 bilhões à disposição de agricultores e pecuaristas em todo o país.
Do total anunciado, R$ 189 bilhões correspondem a recursos controlados e R$ 327 bilhões a recursos livres, direcionados ou não. O volume representa um aumento de R$ 8 bilhões em relação à safra anterior e é o maior já lançado pelo governo federal.
Segundo o secretário de Política Agrícola, Guilherme Campos, o principal desafio do ano foi viabilizar o Plano Safra em um ambiente de taxa básica de juros em 15%. “Trata-se de um volume histórico colocado à disposição do setor, o que torna esse resultado ainda mais significativo”, destacou.
Entre os avanços, o Mapa incorporou oficialmente o financiamento privado ao Plano Safra, com destaque para as Cédulas de Produto Rural (CPRs). Em 2025, foram programados R$ 188,5 bilhões em CPRs vinculadas às exigibilidades da LCA e da poupança rural. O estoque desse tipo de título chegou a R$ 548 bilhões em outubro, alta de 90% em relação a 2023.
Outra mudança relevante foi a ampliação do uso obrigatório do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para operações acima de R$ 200 mil no Pronaf e para contratos sem exigência de Proagro. A medida busca reduzir perdas, aumentar a previsibilidade do crédito e fortalecer a sustentabilidade da produção, inclusive na pecuária.
No seguro rural, o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) aplicou R$ 482 milhões até novembro, viabilizando 47 mil apólices e protegendo cerca de 2 milhões de hectares. O valor total segurado chegou a R$ 13 bilhões.
Já nas políticas de comercialização, a Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) destinou R$ 181,1 milhões para a formação de estoques públicos de arroz, além de aquisições de milho e trigo. O Programa de Venda em Balcão comercializou mais de 135 mil toneladas de milho, beneficiando pequenos criadores.
O setor cafeeiro também recebeu reforço, com R$ 7,187 bilhões disponibilizados pelo Funcafé para o ciclo 2025/2026, distribuídos entre custeio, comercialização, capital de giro e recuperação de lavouras.
Diante das crises climáticas, especialmente no Sul do país, a Secretaria avançou na renegociação de dívidas e na criação de instrumentos para reestruturação de passivos produtivos, com o objetivo de preservar a capacidade de investimento dos produtores.
Ao longo do ano, o diálogo com o setor produtivo foi mantido por meio de 39 Câmaras Setoriais e Temáticas, que realizaram 157 reuniões e geraram quase 300 encaminhamentos. Entre os temas mais debatidos estiveram preços, mercado, sustentabilidade, sanidade e comércio exterior.
