Ministra destaca redução do desmatamento, reforça importância do manejo sustentável e afirma que não basta preservar a Amazônia se o mundo não abandonar os combustíveis fósseis
Durante sua fala na 15ª Reunião Anual da Força-Tarefa de Governadores para o Clima e Florestas (GCF Task Force), realizada no Acre, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, fez uma defesa apaixonada das florestas como patrimônio ambiental, cultural e econômico. Acreana e filha de seringueiros, ela emocionou o público ao lembrar sua infância no seringal e ressaltou a importância da Amazônia como produtora de chuvas e reguladora do clima.
“Para mim, a floresta é lugar de trabalho, de entretenimento, de mistério e de muitos aprendizados”, afirmou Marina, ao destacar o valor simbólico e ecológico da floresta, que além de ser uma potência em biodiversidade, também é vital para o equilíbrio hidrológico do Brasil.
A ministra apresentou números expressivos da gestão ambiental do governo: redução de 46% do desmatamento na Amazônia e de 32% em todos os biomas do país. Esse resultado, segundo ela, evitou a emissão de cerca de 450 milhões de toneladas de CO₂ na atmosfera. “Com isso, conseguimos dobrar os recursos do Fundo Amazônia, que agora conta com R$ 21 bilhões para investimentos em conservação e desenvolvimento sustentável.”
Entre os mecanismos destacados por Marina estão o REDD+ jurisdicional e o TFFF (Task Force on Financial Flows for Forests), que preveem pagamentos por hectare de floresta preservada. Ela anunciou ainda o sucesso do leilão de manejo de 400 mil hectares, que deve gerar R$ 32 milhões por ano para os cofres públicos. “Queremos transformar o extrator ilegal em produtor legal de madeira sustentável”, disse.
A ministra também fez duras críticas ao modelo econômico global baseado em combustíveis fósseis. “Mesmo que zere o desmatamento da Amazônia, se não houver redução do uso de carvão, petróleo e gás, a floresta desaparecerá do mesmo jeito”, alertou.
Encerrando sua fala, Marina propôs uma inversão histórica: “Durante séculos transformamos natureza em dinheiro. Chegou a hora de transformar dinheiro em preservação, restauração e uso sustentável”.
Com uma fala firme e emocional, Marina Silva reforça o protagonismo do Brasil na agenda climática internacional, apontando caminhos para um novo ciclo de prosperidade baseado na bioeconomia, justiça social e conservação das florestas.