“Zé do abacaxi” é o doce sabor aguardado em várias esquinas da Capital

Com faca na mão e sorriso no rosto, José Raimundo leva abacaxi descascado aos bairros de Rio Branco e conquista clientes com fruta fresca e simpatia

Todo fim de tarde, quem mora nos bairros mais quentes de Rio Branco já sabe: quando o som do alto-falante ecoa “Olha o abacaxi docinho, já descascado!”, é sinal de que José Raimundo da Silva está chegando. Aos 47 anos, o vendedor virou parte da rotina da cidade, rodando com seu carro adaptado e espalhando aroma de fruta fresca por onde passa.

O porta-malas funciona como vitrine e bancada. Lá, ele guarda dezenas de abacaxis colhidos em colônias próximas à capital. Com uma faca afiada e movimentos firmes, ele descasca a fruta na hora, enrola em papel-filme ou encaixa em potinhos plásticos e entrega ao freguês. “O povo já me espera na esquina. Tem gente que grita do portão antes mesmo de eu parar o carro”, conta sorrindo.

José começou vendendo frutas inteiras no mercado, mas viu no serviço “completo” uma chance de se destacar. “Nem todo mundo tem tempo ou paciência pra descascar. Eu resolvo isso e ainda entrego geladinho”, explica. O resultado é sucesso: em alguns dias, ele vende tudo em menos de duas horas.

Seu roteiro passa pelo Bairro da Paz, Calafate, Tancredo Neves, Belo Jardim e vai mudando conforme a demanda. O anúncio é o mesmo: simples, repetitivo, mas certeiro. E quem prova uma vez, geralmente vira freguês fiel. “É bom demais, ele já deixa no ponto pra lanchar”, diz dona Maria, aposentada do Raimundo Melo.

Em tempos de mercado digital, José Raimundo prefere seguir do seu jeito: pé no chão, olho no olho e fruta boa na mão. “Enquanto tiver sol e abacaxi, tô na rua”, resume. E que continue assim: doce, direto e indispensável — como seu grito pela cidade.

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