Suspensão de compra do frango brasileiro feita por 5 países e mais UE vai baratear preço interno?

Pela lei da oferta e da demanda, a lógica apresenta um cenário com tendência à queda de preços internos, mas não se sabe se isso ocorrerá

Suspensão de compras internacionais deve aumentar oferta no mercado interno. Foto: Secom Acre

A suspensão da compra do frango brasileiro feita por cinco países e mais a União Europeia pode ser um cenário ideal para o barateamento no mercado interno da proteína. Entre os países que suspenderam a importação do frango brasileiro está a China, o maior comprador.

Esse comércio não afeta o Acre de nenhuma forma porque não há frigorífico de abate de frango sifado no estado. O frigorífico Acreaves não possui SIF. O selo que a planta industrial acreana possui é o SISBI que permite comercialização de carne de frango em todo território brasileiro, mas não permite exportação.

Esse é um dos fatores que explica a frase de Paulo Santoyo “zero, sem nenhuma consequência pra cá”, ao responder sobre os dois focos registrados no Rio Grande do Sul (em uma granja comercial de aves, em Montenegro, e em um zoológico público em Sapucaia do Sul). O Acre está economicamente blindado contra a suspensão comercial de China, México, Chile, Argentina, Uruguai e União Europeia.

A Acreaves ainda não consegue abastecer integralmente o mercado interno acreano. No curto prazo, os custos de produção para a indústria frigorífica acreana ficarão estáveis. A oferta de produtos, possivelmente, se manterá a mesma. Para o consumidor daqui, caso haja alguma alteração de preço, isso pode ocorrer com frango produzido fora do Acre. Mas o aumento da oferta interna no Brasil do produto se manterá?

Isso depende de vários fatores. O principal é o retorno à normalidade. Os protocolos de segurança do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento têm demonstrado eficácia. E os estados também estão vigilantes. O Mato Grosso, por exemplo, aumentou as barreiras de proteção sanitária, sobretudo inspecionando veículos que transportam produtos e animais vindos do Sul. Quanto mais cedo o processo produtivo voltar à normalidade, tanto melhor para o produtor. Para o consumidor, a lógica é outra.

“Tende haver queda do preço em um primeiro momento, uma redução de preço por excesso de oferta. Contudo, em um segundo momento, as empresas tendem a se ajustar a esta nova situação e reduzir esta oferta. Caso contrário, irão a falência”, afirma o economista Rubicleis Gomes da Silva, da Ufac.

Os preços do frango no Acre só irão cair por aqui se a Acreaves aumentar muito a produção (e não há nenhum indício de que isso ocorra, mesmo porque a base da produção de aves na região permanece a mesma) ou se a oferta em regiões produtoras (como o Sul e Sudeste) aumentar muito em função da restrição no mercado externo e esse frango estocado precisar descobrir outras regiões do país para canalizar a produção.

A produção de frango no Acre é muito pequena. Dados do Fórum Empresarial de Inovação de Desenvolvimento do Acre mostram que em 2023, o Acre comercializou 308 toneladas de carne de frango. É tão incipiente que fica em terceiro lugar entre os Estados da Amazônia Legal.

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