Cooperativas acreanas da cadeia produtiva do leite enfrentam velhos desafios

Enquanto o Brasil registra crescimento de 4,6% na captação de leite, iniciativas como a Coopel mostram o caminho para o Acre avançar na produção.

Luiz Eduardo Souza

O setor leiteiro brasileiro mostrou sinais claros de recuperação em 2024. Segundo a Pesquisa Trimestral do Abate, Leite e Ovos da CNA, o país captou 6,78 bilhões de litros no 4º trimestre, alta de 4,56% sobre igual período de 2023, encerrando o ano com 25,37 bilhões de litros (↑ 3,1% em relação a 2023). Essa retomada, a segunda maior da série histórica, deveu-se principalmente à queda de 11% no custo dos concentrados, que tornou a alimentação do rebanho mais acessível.

Em contraste, no Acre o setor ainda é pouco evoluído. O estado produziu aproximadamente 43,3 milhões de litros em 2024, ocupando a 24ª posição no ranking nacional, com um plantel de cerca de apenas 50 mil vacas e produtividade média de 765 L/vaca/ano (≈ 3,3 L/dia). Fatores como genética defasada, instalações improvisadas e assistência técnica limitada explicam esse desempenho modesto.

É nesse contexto que as cooperativas surgem como agentes de transformação. A Coopel, fundada em 2000 por 20 produtores familiares, cresceu de 2 000 L/dia para 27 000 L/dia graças a parcerias com Senar, Emater, Embrapa e financiamentos públicos. Hoje, a cooperativa reúne a produção de 150 famílias, gera 60 empregos diretos e fornece 40% da merenda escolar estadual pelo PNAE, além de comercializar leite pasteurizado, queijos, manteiga e doce de leite em supermercados locais.

Apesar dos avanços, a modernização do rebanho e a ampliação da assistência técnica seguem sendo os principais desafios. Cooperativas como a Coopel demonstram que a organização coletiva, aliada a investimentos em infraestrutura e capacitação, é capaz de elevar a produtividade e gerar valor para toda a cadeia.

Enquanto o Brasil consolida sua recuperação, o futuro do leite no Acre dependerá da expansão dessas iniciativas cooperativistas, do fortalecimento de programas de apoio técnico e financeiro, e da diversificação de produtos – ações essenciais para que o estado deixe de ser coadjuvante e se torne protagonista na produção leiteira nacional.

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