CNA propõe Plano Safra de R$ 594 bilhões e Judson Valentim destaca avanço agrícola no Acre

Pesquisador da Embrapa aponta avanços na produção de café, soja e milho no Acre e destaca a importância do novo Plano Safra para enfrentar os desafios do setor agropecuário em 2025/2026.

Luiz Eduardo Souza
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entregou nesta semana ao Ministério da Agricultura um conjunto de propostas que visam fortalecer a agropecuária nacional no próximo Plano Safra 2025/26. Entre os principais pontos estão o aumento no acesso ao crédito, o fortalecimento de mecanismos de gestão de risco como o seguro rural e o incentivo a práticas sustentáveis. A CNA também defende medidas para desburocratizar procedimentos operacionais, facilitando o dia a dia dos produtores rurais, especialmente os pequenos e médios. O documento destaca que, com um Plano Safra mais eficiente, o setor poderá expandir sua produtividade de forma sustentável, mantendo o Brasil como referência mundial em segurança alimentar. “O objetivo é garantir que o produtor rural tenha mais previsibilidade, segurança e apoio para investir na produção”, afirma a entidade em nota oficial. Foto: Reprodução

A agricultura brasileira caminha para um novo recorde em 2025. A estimativa é que a safra de cereais, leguminosas e oleaginosas alcance 324 milhões de toneladas, um crescimento de 11% em relação ao ano anterior, segundo o IBGE. Esse avanço nacional reflete também em estados como o Acre, que têm apresentado destaque em culturas específicas.

Em entrevista à CBN Rio Branco, o pesquisador da Embrapa Judson Valentim comentou os números e destacou a proposta da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) para o Plano Safra 2025/2026, entregue ao governo federal. A entidade sugere um volume de R$ 594 bilhões para o próximo ciclo agrícola — 24% a mais que os R$ 477 bilhões liberados no ano passado.

Segundo Valentim, “a avaliação da CNA, diante do quadro atual de incertezas internas e externas, é de que serão necessários cerca de R$ 594 bilhões para um bom desempenho do setor”. Ele explica que “a proposta da CNA sugere que custeio e comercialização empresarial tenham à disposição um volume financeiro de R$ 390 bilhões, bem acima dos R$ 293 bilhões colocados no ano passado”. Além disso, a entidade propõe R$ 101 bilhões para investimentos e R$ 103 bilhões destinados à agricultura familiar.

No contexto acreano, Valentim destacou o avanço na produção de café. “Um destaque na produção agrícola do Acre é o café, que registrou um crescimento significativo, com previsão de quatro toneladas por hectare em 2025, o que representa um aumento de quase 60% em relação ao ano anterior”, afirmou.

Ele explica que esse avanço é consequência dos preços atrativos no mercado internacional, que incentivaram os produtores. “Com a entrada em produção de novas áreas de cultivo, adoção de boas práticas agrícolas, como cultivares clonais desenvolvidos pela Embrapa, e o uso de irrigação e adubação, a produtividade do café no Acre está crescendo significativamente”, completou.

Por outro lado, a produção de mandioca, principal atividade da agricultura familiar no estado, tem se mantido estagnada. “A estimativa de área cultivada em 2025 é de 22.184 hectares, com uma produção de 511 mil toneladas e uma produtividade média de 23 toneladas por hectare”, explicou. “Mas essa atividade tem estado estagnada tanto em termos de área como de produtividade”, avaliou.

Valentim também comentou a expansão da agricultura comercial de grãos no estado. “A área plantada com soja no Acre em 2024 foi estimada em 17 mil hectares, com uma produção de mais de 60 mil toneladas e produtividade de 57 sacas por hectare”, informou. Segundo ele, “para assegurar o bom desenvolvimento da lavoura de soja, o governo do Acre implantou, através do Idaf, a campanha do vazio sanitário para reduzir os riscos de proliferação de pragas e doenças, como a ferrugem asiática”.

No caso do milho, a safra 2024/2025 também mostra crescimento. “A produção tem previsão de aumento de 5%, chegando a 195 mil toneladas em uma área colhida de 38.811 hectares”, disse o pesquisador.

Para Valentim, garantir o bom desempenho do setor é fundamental para a economia nacional. “É importante destacar que, para a economia brasileira e para o cidadão comum, é fundamental que a agricultura tenha um bom desempenho”, declarou. “Em 2024, a agricultura gerou um saldo anual de mais de 74 bilhões de dólares na balança comercial brasileira. E quando a produção cresce, diminui a pressão inflacionária dos alimentos, o que é ótimo para todos os brasileiros”, concluiu.

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